Mudança climática trará perdas para a sojicultura
As mudanças climáticas podem causar prejuízos anuais de até R$ 6 bilhões nas lavouras de soja do país. A perspectiva é apontada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no estudo "Economia da Mudança do Clima no Brasil", divulgado na quarta-feira (23).
Esse cenário preocupante com o clima já mostra sinais nos campos mato-grossenses. O professor de economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Adriano Figueiredo, aponta que a mínima mudança de temperatura pode causar perdas nas lavouras mesmo em plantações já acostumadas com o calor, como é caso da soja e o milho cultivados no Estado.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, destaca que os agricultores já estão acostumados aos riscos que as mudanças climáticas trazem. Ele cita que a safra atual pode sofrer perdas na produtividade se não ocorrerem chuvas no período entre 10 de outubro e 10 de novembro - período ideal para o plantio da oleaginosa no Estado de Mato Grosso.
Conforme o Ipea, o milho é outra cultura que também poderá somar prejuízos, calculados em R$ 1,5 bilhão por ano. O mesmo valor é estimado para o plantio do café. Já as perdas monetárias para o cultivo do arroz atingem R$ 530 milhões, enquanto as do algodão chegam a R$ 408 milhões.
Lucro - No estudo "O Impacto das Mudanças Climáticas na Lucratividade das Atividades Agrícolas no Brasil", o Ipea mostra que, até 2100, o lucro da agricultura no Brasil pode apresentar queda de entre 9,4% e 26% devido às mudanças no clima. Baseado em simulações de clima para os próximos 100 anos, o estudo afirma que de 2040 a 2070 a queda nos lucros do setor agrícola no Brasil será de 0,8% a 3,7%.
Os números consideram que as emissões de gases do efeito estufa se mantenham nos níveis atuais. Considerando somente a região Centro-Oeste, a lucratividade deverá cair entre 46% a 23,2% no período de 2040 a 2070. Já entre os anos de 2070 e 2100, o lucro agrícola poderá diminuir até 161,8%. Sendo uma das médias mais altas do país.
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