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Sexta - 23 de Agosto de 2013 às 22:13

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O aumento da população de nematóides é um dos maiores fatores na redução da produção de grãos em Mato Grosso e também no Brasil. Aprender a conviver com a praga, através de sistemas de manejo que reduzam os prejuízos são a alternativa para os produtores rurais, diante da inviabilidade de eliminar completamente o problema das lavouras.



Durante a mesa redonda “Controle cultural de fitonematoides”, realizada nesta quinta (22), durante o 31º Congresso Brasileiro de Nematologia, o agricultor e engenheiro agrônomo, José Eduardo Macedo, apresentou um caso de convivência com o nematóide sob a visão do produtor rural, trazendo o sistema de manejo realizado na propriedade. Segundo o produtor, em seis safras de implantação houve aumento na fertilidade, matéria orgânica, melhoramento na estrutura física e as perdas ocasionadas pela praga não foram percebidas. “A opção foi pelo plantio direto com rotação de culturas, onde nós fizemos várias experiências com plantas resistentes ao verme como a ‘crotalaria spectabilis’ e várias outras coberturas.



Além do ganho com produtividade, por conta da redução do nematóide, outras vantagens foram somadas.”
Para o diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, o produtor precisa aprender a conviver com o nematóide, como no caso apresentado, já que quase a totalidade das lavouras tem a presença do parasita, em menor ou maior população. “É fundamental que todos os produtores rurais façam um mapeamento com amostragens de solo e, assim, tenham conhecimento de qual espécie e quantidade está presente em sua propriedade, para então tomar as atitudes proporcionais ao problema causado pela praga.”


 
Dados do Circuito Tecnológico, realizado pela Aprosoja anualmente, mostram que das 332 propriedades visitadas pelos técnicos, em 2012, nas quatro regiões do estado, 82% dos produtores relatam a presença de fitonematoides em suas lavouras, principalmente da espécie “pratylenchus brachyurus”, conhecido como nematóide das lesões radiculares.


 
Pesquisa e aplicabilidade - Na área da pesquisa, a Escola Superior de Agricultura (Esalq) da USP apresentou, também durante o congresso, dados que mostram uma ocorrência de nematóide das lesões radiculares em 96% das lavouras em Mato Grosso. O professor responsável pela pesquisa, Mário Inomoto, reafirmou que a medida mais eficiente para combater o fitonematoide é a sucessão ou rotação com plantas resistentes, como a espécie “crotalaria spectabilis”, mas que a técnica enfrenta resistência do agricultor que precisa ficar um ano sem plantar milho. “O problema é que a ‘crotalaria spectabilis’ não é um cultivar comercial e não dá renda. É um benefício, mas o produtor deixa de ter a renda que é proporcionada pelo milho, quando precisa substituir o cultivo.”


 
Para o diretor técnico, é preciso desmistificar que o produtor perde com a implantação da técnica. “Se a população de nematoides estiver muito acentuada na lavoura, a produtividade vai ficar comprometida e possivelmente a somatória de cultivos de safra e safrinha será a mesma, ou menor, que a produção apenas na safra de uma lavoura com a população de fitonematoide controlada.”


 
Nematóides - Os nematoides são vermes presentes no solo e na água, que parasitam animais e plantas. As espécies parasitas de plantas, chamadas de fitonematoides, causam gradual perda de desempenho, deformações e consequentemente redução de produtividade, porque retiram nutrientes e injetam substâncias tóxicas na célula vegetal.


 
O verme tem alto índice de reprodução em sistemas produtivos com sucessão repetitiva das mesmas culturas, e mesmo a utilização de cultivares resistentes à determinada espécie, não resolvem o problema, pois as lavouras ficam suscetíveis a outros tipos de fitonematoides. No Brasil, quatro grupos de fitonematoides se destacam devido aos danos causados: nematoides de galha (Meloidogyne sp.), de cisto (Heterodera sp.), reniformes (Rotylenchulus sp.) e das lesões radiculares (Pratylenchus sp.).


 
Congresso de Nematologia - Com altíssimo nível científico, o congresso reuniu em Cuiabá 450 pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, produtores e profissionais ligados ao setor agropecuário. O evento, que ocorreu nesta semana, foi promovido pela Sociedade Brasileira de Nematologia, com realização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG) e Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), com patrocínio da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato grosso (Aprosoja).





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