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MT Eleições 2014
Quarta - 22 de Setembro de 2010 às 09:28

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O Arcebispo metropolitano de Cuiabá, Dom Milton Santos, recebeu nessa terça-feira (21), data que se comemora o dia de Nossa Senhora do Pantanal, a visita do candidato ao Senado Abicalil (PT). O petista foi até a Mitra Arquidiocesana de Cuiabá, na Praça do Seminário, centro da Capital, para uma conversa informal sobre fé e política.

O arcebispo lembrou que foi apresentado a Abicalil durante uma visita a Paróquia Sagrada Família, da Diocese de Cuiabá, igreja em que Abicalil é membro atuante.

O petista apresentou ao religioso uma carta na qual se defende dos ataques que vem sofrendo nessa eleição. Dom Milton foi atencioso e muito receptivo e ao final reforçou a Abicalil que sabe dos ataques que ele vem sofrendo. As informações são da assessoria.

Leia a carta na íntegra:

Cuiabá/MT, 20 de Setembro de 2010

“Escolhi o caminho da verdade,

Propus-me a seguir os teus juízos.”

Salmo 118, 30



Caro Irmão em Cristo, Dom Milton Santos

Diante das notícias que foram criminosamente veiculadas na imprensa e nos programas eleitorais do candidato Antero Paes de Barros, no sentido de que eu seria a favor do aborto, senti o dever de dirigir-me diretamente a Sua Eminência Reverendíssima e a toda a Igreja Particular sob seu cuidado pastoral, pois, jamais poderia deixar que a mentira prevalecesse sobre a verdade.

Sou cristão, professo a fé católica, inscrito na Paróquia Sagrada Família da Diocese de Cuiabá e membro do Centro de Estudos Bíblicos, entidade ecumênica de reflexão e de evangelização, desde minha juventude.

Minha profissão de fé aponta, assim, a defesa da vida como via de conduta primordial em todas as atividades e funções que assumo. Nunca agi diferente desse fundamento.

“Lâmpada para meus pés é tua palavra,

E luz para meu caminho”

Salmo 118, 105



Assim, reitero: sou contra a liberação do aborto e jamais votei na Câmara dos Deputados a favor do projeto. Minha postura diante de toda e qualquer discussão em torno da valorização da vida, sempre foi consciente e clara: lutei e luto pela vida.

“ Eu vim para que tenham vida

e a tenham em abundância.”

João 10,10.



Quanto ao projeto de lei que tramita na Câmara Federal desde 1991, há quase 20 anos, e que trata sobre a descriminalização do aborto, faz-se necessário esclarecer que tal projeto havia sido apreciado pela Comissão de Seguridade Social e Família, com pedido de arquivamento assinado por apenas 33 parlamentares, o que levou o Deputado José Genuíno a apresentar recurso, para que o tema fosse debatido em plenário pelos 513 parlamentares, definitiva e terminativamente, única forma de colocar termo ao Projeto de Lei. Sem apreciação do plenário qualquer parlamentar poderia pedir seu desarquivamento ou reapresentá-lo na legislatura, o que vem se sucedendo desde sua apresentação original.

O recurso firmado por mim e pelos membros da minha bancada, para levar a matéria em plenário, atendeu a uma disposição regimental. O recurso é apenas um instrumento para finalizar o debate. Quem assina um requerimento de recurso para o debate, não está necessariamente de acordo com o mérito da matéria.

Além do mais, a Carta Encíclica Evangelium Vitae, do Sumo Pontífice João Paulo II aos Bispos, Presbíteros e Diáconos, Religiosos e Religiosas, Fiéis Leigos, e a todas as pessoas de boa Vontade, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana, de 1995, no item 73, orienta a “obrigação de opor-se a elas [leis] através da objeção de consciência”, pois, “Quem recorre à objeção de consciência deve ser salvaguardado não apenas de sanções penais, mas ainda de qualquer dano no plano legal, disciplinar, econômico e profissional”.

Usei o direito de objeção de consciência, assegurado aos parlamentares de minha bancada, pedindo a retirada da assinatura, diante da tramitação normal do PL. Fiz uso desse direito para reafirmar minha posição sobre o aborto e a pedido da CNBB entidade com quem partilho minha profissão de fé, depois de dois encontros pessoais com Dom Dimas.

Ainda a carta de Santo Papa nos ensina que “quando não fosse possível esconjurar ou ab-rogar completamente uma lei abortiva, um deputado, cuja absoluta oposição pessoal ao aborto fosse clara e conhecida de todos, poderia licitamente oferecer o próprio apoio a propostas que visassem limitar os danos de uma tal lei e diminuir os seus efeitos negativos no âmbito da cultura e da moralidade pública. Ao proceder assim, de fato, não se realiza a colaboração ilícita numa lei injusta; mas cumpre-se, antes, uma tentativa legítima e necessária para limitar os seus aspectos iníquos”.

A recomendação do Papa João Paulo II foi reforçada durate a reunião das Comissões de Doutrina da América Latina e do Caribe, que ocorreu de 06 a 11 de maio de 1996, em Guadalajara (méxico) e publicada em Ata no item 2.1.1.1. Simpósio sobre as leis imperfeitas: “Não é lícito a um deputado católico votar em sua globalidade uma lei permitindo o aborto. Ele poderia só votar a favor de disposições justas ou restritivas do projeto de lei. Há uma orientação na Encíclica “Evangelium Vitae” (n.73)”.

Da minha parte não há qualquer tipo de discurso ou propaganda pela legalização do aborto, nem entrevistas na imprensa nesse sentido. A finalidade daqueles que insistem em nos associar ao assunto polêmico e ainda não decidido no Congresso Nacional, que é a liberalização do aborto, é a deturpação da notícia de modo a causar prejuízo à minha pessoa dentro do processo eleitoral que se finda no próximo dia 03 de Outubro.

Assim já reconhece o. Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso nas 11 ações interpostas por mim contra esse crime eleitoral.

Na certeza de que a verdade prevalecerá sobre a mentira, reitero o meu compromisso em favor da vida e contra a liberação do aborto e o respeito a todos aqueles que professam a fé, compreendendo a responsabilidade pública de prover o socorro a quem sofre toda a sorte de violação à sua integridade física e moral.

Que a paz do Senhor e sua incomparável bênção nos acompanhe e fortaleça, guardando as armas da fé, da esperança e da caridade.

Fraternalmente


Carlos Abicalil






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