O levantamento ocorreu entre 18 e 21 de agosto. O Ibope entrevistou 2002 eleitores em todas as regiões do país. Além de atestar a necessidade da ficha limpa entre os entrevistados, o instituto perguntou aos eleitores sobre o conhecimento no caso de compra de votos, se votariam em algum candidato que lhes oferecessem algum benefício, além de critérios de escolha de candidatos e a importância da participação da magistratura em ações contra a corrupção eleitoral.
No cenário referente a crimes eleitorais como a compra de voto, 43% dos entrevistados afirmaram conhecer casos de políticos que compram ou compraram votos, 73% responderam acreditar que a política beneficia apenas os políticos e 41% disseram conhecer alguém que já votou em troca de algum benefício.
A pesquisa divulgada pela AMB faz parte da campanha “Eleições Limpas – Não vendo o meu voto”, lançada pela entidade em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem o objetivo de conscientizar os eleitores sobre a importância do voto e de seu papel na fiscalização das eleições. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.
Compra de votos
O levantamento divulgado pelo Ibope também revela que o conhecimento de crimes eleitorais pode variar de acordo com a escolaridade e a região. Perguntados se conheciam casos de compra de votos, os eleitores do Sul foram os que demonstraram o maior conhecimento: 53% responderam positivamente. Já a região Sudeste, apenas 38% disseram conhecer políticos que compram ou compraram votos. No Nordeste, 44% responderam afirmativamente. Já as regiões Norte e Centro-Oeste 49% denunciaram a prática.
Eleitores com até a 4ª série do ensino fundamental formaram a parcela com menos conhecimento da prática. 33% relataram compra de votos, contra 57% dos eleitores com ensino superior. Em todo o país, apenas 41% dos eleitores entrevistados disseram que denunciariam à Justiça Eleitoral um candidato que tentasse comprar o seu voto.
Sobre o conhecimento de eleitores que vendem o voto, a maior fatia de entrevistados que relataram o problema apareceu nas regiões Norte e Centro-Oeste onde 54% disseram conhecer alguém que já vendeu o voto. No Nordeste e no Sul foram 46% e no Sudeste, 33%.
Interrogados se votariam em um candidato que oferece benefícios materiais em troca do voto, 85% afirmaram que descartariam o político que tentasse comprar o voto. Já 13% disseram que votariam.
Quando divididos por regiões, a maior parcela de eleitores que disseram que votariam em candidatos em troca de algum favor ficou no Nordeste: 21%. No Norte e Centro-Oeste, 13% votariam em um candidato que compra votos. No Sudeste, os entrevistados totalizaram 10% e no Sul, 8%.
‘Frustração nacional’
O presidente da AMB, Mozart Valadares Pires, afirmou que uma eventual decisão contrária à ficha limpa no STF poderá gerar uma “frustração nacional”: “Não poderemos desconhecer que isso [a derrubada da lei pelo STF] será uma frustração nacional, caso essa lei desapareça através de uma decisão judicial. Ninguém aqui terá outro sentimento a não ser o sentimento de frustração.”
Para Mozart, a ficha limpa foi debatida e aprovada pelo Legislativo e pelo Executivo, o que referenda a aplicação da norma. “ Independentemente desses números e da pesquisa, quero dizer que todas as manifestações são no sentido de uma expectativa positiva. Passamos essa lei com uma ampla discussão na Câmara dos Deputados e foi amplamente discutida não só pelos membros da Câmara mas também de integrantes de movimentos. A matéria foi para o Senado e depois para o Executivo para a sanção, onde recebeu o parecer favorável sobre a constitucionalidade da lei.”
Ficha Limpa
Ainda segundo a pesquisa, a Lei da Ficha Limpa é considerada mais importante entre os eleitores do Norte e do Centro-Oeste, onde 91% consideraram a norma necessária nas eleições de outubro. O Sul ficou em segundo, com 90%. A relevância da ficha limpa entre eleitores do Sudeste e do Nordeste ficou em 83% e 82% respectivamente.
Comentários