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Economia
Sexta - 23 de Agosto de 2013 às 18:27

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A disparada do dólar já influencia o mix de produção da safra 2013/14 de cana-de-açúcar. A expectativa de maior produção de etanol se confirma, mas o açúcar volta a ganhar espaço. A razão é que a produção do combustível atende quase que exclusivamente o mercado interno. Já o açúcar se destina em grande parte à exportação. "Caso esse câmbio perdure, a rentabilidade obtida com açúcar melhora. A safra continua alcooleira, mas menor", disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Manoel Ortolan, presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana).


 
Conforme a Archer Consulting, o açúcar negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechou a semana passada a um preço equivalente a R$ 929 a tonelada, considerando dólar de R$ 2,40. É o maior nível desde dezembro do ano passado. Com isso, a commodity passou a ter uma margem positiva de 15% sobre o custo de produção, superando o do etanol anidro (11,5%), diz a Archer.


 
A Copersucar, que reúne 47 usinas associadas, revisou sua estimativa de mix de produção para região Centro-Sul. O diretor-presidente Paulo Roberto de Souza informou que de 56% a 55% da oferta de cana deve ir para o biocombustível em 2013/14, menos que os 57,5% projetados no início da temporada. O porcentual de açúcar, em compensação, foi revisado de 42,5% para um intervalo entre 44% e 45%. "O clima também deve ajudar. Não estão previstas muitas chuvas para as próximas semanas, o que favorece a concentração de sacarose nas plantas, contribuindo para a produção de açúcar", diz Souza.


 
Em setembro, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) revisará suas estimativas e pode acompanhar esse movimento. Hoje a projeção da Unica é de que 46,22% da cana irá para açúcar e 53,78% para etanol, com uma moagem de 589 milhões de toneladas. Até 1º de agosto, 57,10% da oferta de matéria-prima havia sido direcionada para a produção do biocombustível. "O etanol remunerava mais que o açúcar no início da safra, porque o dólar estava baixo. Choveu muito também, o que não favorecia a produção de açúcar", disse Ortolan.


 
A São Martinho é uma das usinas que trabalham com a possibilidade de destinar parcela um pouco maior de cana para fabricação de açúcar. Também em entrevista ao Broadcast, o diretor de Relações com Investidores da empresa, Felipe Vicchiato, disse que, embora 93% da safra já esteja fixada, ainda há uma parcela de cana que pode virar açúcar caso o dólar continue subindo. A companhia projeta seu mix de produção em 48% para açúcar e 52% para etanol.


 
Outra empresa que segue atenta ao comportamento do câmbio é a Biosev, braço sucroalcooleiro da Louis Dreyfus Commodities (LDC). "No início da safra priorizamos o etanol no mix de produção. Mas daqui para frente esse balanço dependerá, em primeiro lugar, do prêmio do açúcar sobre o etanol, que tem seu componente em dólar também", afirmou a companhia, em nota. Atualmente, o mix da Biosev está levemente mais açucareiro.


 
A Usinas Itamarati, em Mato Grosso, que atende basicamente o mercado interno, também espera ser beneficiada com a alta do dólar. "Com as outras empresas produzindo para exportação, vai haver menos pressão no mercado doméstico, o que é bom para nós", diz o presidente Sylvio Coutinho. De acordo com ele, o mix da Itamarati (63% para etanol e 37% para açúcar) não sofrerá alterações no restante da safra. Do total de açúcar produzido pela empresa, 97% é comercializado no Brasil.





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