Ricardo Eletro e Insinuante pretendem modernizar o crediário
A holding Máquina de Vendas, formada por Ricardo Eletro e Insinuante, planeja lançar em cerca de 90 dias um novo modelo de crediário. "Vamos dar uma nova "roupagem" para o crediário", diz Samuel Henrique Belo, diretor de serviços financeiros da companhia.
Segundo ele, a empresa --a terceira maior do país-- estuda a mudança há um ano. "Queremos juntar as facilidades do cartão de crédito, como a praticidade de não passar por uma avaliação de crédito a cada compra, com os benefícios do carnê, de ter um limite maior."
O cliente poderá usar o cartão dentro e fora da loja. "A novidade é que vamos dar a ele mais poder de compra do que no cartão de crédito ou no cartão de loja que temos hoje."
De acordo com o diretor, enquanto um cartão de crédito concede em média limite de 80% da renda ao consumidor ao total da compra, esse cartão permitirá que ele comprometa por mês até 30% da sua renda com a parcela, o que ao fim resulta em um crédito mais elevado.
"No caso de um cliente com renda de R$ 1.000, o cartão lhe concede R$ 800 de crédito, já no nosso novo crediário ele poderá gastar por exemplo R$ 3.000, desde que a parcela fique em até R$ 300 num pagamento em dez meses", explica.
CUSTO E LIMITE
O parcelamento nos cartões de crédito ou de loja pode ter custo menor do que no carnê. Como o risco da inadimplência no crediário fica por conta do varejista, há normalmente juros embutidos na operação. Já no cartão muitas vezes é possível comprar sem juros, porém em menos parcelas.
Nas Casas Bahia, por exemplo, um fogão de quatro bocas é vendido por R$ 399 à vista ou em até cinco vezes sem juros no cartão da loja. Já no pagamento com o carnê, pode ser feito em 20 parcelas de R$ 29,90, mas o valor total pago sobe para R$ 598.
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"Quando o consumidor não consegue pagar o valor integral do cartão na data do vencimento, os juros são os maiores do mercado", alerta Roberto Vertamatti, conselheiro da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Segundo pesquisa de agosto da associação, o comércio cobra em média 5,68% ao mês ou 94,05% ao ano e o rotativo do cartão de crédito 10,69% ao mês e 238,30% ao ano.
A caixa Nilda Silva Ferreira, 33, trocou o crediário pelo cartão justamente por causa do custo. "O carnê sempre tem juros, então prefiro usar o cartão e pagar sem. Só recorro ao carnê quando preciso fazer a compra de um bem mais caro, que prefiro pagar em várias parcelas. Às vezes também dá para usar o cartão, mas o meu limite não é suficiente", conta.
Já o enfermeiro Álvaro Benedito Mattos, de 56 anos, compra sempre no carnê, apesar de saber que muitas vezes paga a mais. "Tenho cinco carnês hoje. Acho prático saber o valor certinho que vou pagar e não abro mão do carnê, por mais que tenha cartão de crédito". Segundo ele, o crediário traz mais segurança. "Se um dia ficar devendo, sei que a loja vai me ligar para negociar. Já no cartão de crédito não tem jeito, vou pagar juros altíssimos e ficar com o nome sujo".
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