O tom agressivo adotado pelos candidatos ao governo do Amazonas no debate realizado na noite desta segunda-feira (20), pela TV A Crítica/Record, deu sinais de que os próximos dias de campanha eleitoral serão marcados por disputa acirrada. A hostilidade foi mais forte entre os dois candidatos ao governo da base de Dilma Rousseff (PT) no Estado, o governador Omar Aziz (PMN) e o senador e ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR).
Durante todo o debate, os candidatos deixaram de lado a apresentação de propostas para apostar em temas polêmicos e acusações diretas aos adversários. As discussões duras renderam oito pedidos de direito de resposta por ofensa pessoal e provocaram interrupções frequentes por parte do mediador do debate, o jornalista Roberto Mendes.
A rivalidade entre Aziz e Nascimento, que são apontados pelas pesquisas de intenção de voto como os mais populares, começou antes mesmo do início do debate. Após assistir inserção de campanha de Dilma Rousseff, que acusa os rivais da petista de cometer baixaria eleitoral, Omar pediu em voz alta a seu marketeiro que colocasse o material em sua campanha, em provocação a Nascimento.
A resposta do adversário veio logo nas considerações iniciais. O ex-ministro iniciou sua participação no debate afirmando que tem sofrido retaliações por falar abertamente sobre combate à pedofilia no Amazonas, em referência a ações da Justiça Eleitoral e da Polícia Federal (PF) realizadas nos últimos dias para identificar a autoria de panfletos apócrifos que relacionam Omar Aziz ao crime de pedofilia.
Acusações mútuas - O contra-ataque ocorreu quando Omar, ao responder pergunta de Luiz Sena, sobre recursos repassados pelo Ministério dos Transportes para o Estado durante o governo Lula, afirmou que o ex-ministro enviou mais dinheiro ao Pará e ao Acre do que ao Amazonas. "E como senador ele não fez uma emenda sequer para o Amazonas. Ou é incompetência ou falta de compromisso com o nosso Estado", disse o candidato à reeleição.
Nascimento reagiu dizendo que o Amazonas vive situação financeira "lastimável", a ponto de o funcionalismo público correr o risco de não receber o 13º salário este ano e classificou o governo de Aziz de "incompetente" por não ter concluído as obras dos portos no interior, que realizadas em convênio com o Ministério dos Transportes. A resposta do candidato pelo PMN citou as obras inacabadas da gestão do rival no Ministério dos Transportes, como a recuperação das rodovias BR-319 e BR-174, e ainda afirmou que Nascimento mentiu ao dizer, nas eleições anteriores, que não deixaria o Senado, se eleito.
Os candidatos Hissa Abrahão (PPS), Herbert Amazonas (PSTU), Luiz Carlos Sena (Psol) e Luiz Navarro (PCB) também utilizaram o espaço do debate para criticar seus adversários, em especial Nascimento e Aziz. Em suas perguntas e respostas, todos ressaltaram que ambos fazem parte do mesmo grupo político que, segundo eles, governa o Amazonas há 30 anos e não apresenta avanços significativos.
Bastidores
Mesmo antes do início do debate, a tensão entre os candidatos Omar Aziz e Alfredo Nascimento era visível. Ao entrar no estúdio da TV A Crítica, o ex-ministro cumprimentou rapidamente o governador, que apenas estendeu a mão sem levantar o olhar para o adversário.
Minutos depois, a hostilidade entre os candidatos foi repetida por seus assessores. Sentados lado a lado, o marqueteiro de Aziz, Egberto Baptista, e o de Alfredo, Jefferson Coronel, chegaram a iniciar um bate-boca em voz alta no estúdio por conta de questões polêmicas abordadas nos programas eleitorais, mas foram acalmados pela produção do debate.
Comentários