Às vésperas de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o candidato do PSC ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz, afirmou nesta segunda-feira (20) que, caso seja impedido de concorrer ao Palácio do Buriti, não tem "plano B" ou qualquer pretensão de emplacar sua filha Jaqueline Roriz ou a deputada distrital Eliana Pedrosa como a nova candidata de sua coligação.
Ainda que não seja mais líder nas pesquisas de intenção de votos, Roriz virou alvo de críticas, em debate promovido pela TV Record, por estar disputando o governo do Distrito Federal sub judice. Ele teve o registro negado por se enquadrar nas regras de inelegibilidade previstas na Lei da Ficha Limpa.
Em 2007, Roriz renunciou a sua cadeira como senador após ter tido aberto contra si processo por quebra de decoro parlamentar. Na época, teve seu nome vinculado a uma transação de R$ 2,2 milhões que ele atribuiu à compra e venda de uma bezerra. Para o Ministério Público Federal, o Banco de Brasília (BRB) foi usado na simulação da transação bancária supostamente envolvendo a bezerra para repassar dinheiro a Roriz.
"Vou ser julgado na quarta pelo STF e lá tenho absoluta convicção que lá o julgamento não é político. Lá será um julgamento com toda segurança jurídico, e nesse julgamento jurídico, tenho absoluta convicção que será favorável. Por mais simplista e não sendo expert em Direito, a população sabe que a Constituição me garante meus direitos. Não tenho absolutamente nenhum "Plano B" nem sequer candidato para me substituir", disse.
"Quero dizer que minha ficha é limpíssima. Só fiz o bem, trouxe benefícios, construí cidades, fiz o metrô, fiz obras de cultura, fiz todas as obras que são orgulho dessa cidade. Minha candidatura não é pressuposto de que posso fazer, eu posso fazer", completou o representante do PSC.
Provocado a explicar a impugnação decretada pelo Poder Judiciário, Roriz passou a maior parte do debate da TV Record sendo atacado por conta do passado político.
"Aqui estão as suas opções para a eleição. Temos um candidato que até agora não tem registro", lembrou o candidato do PV, Eduardo Brandão. "Espero que votemos em candidatos "ficha limpa", que não estejam respondendo a nenhum processo na Justiça que façamos desse debate momento de reflexão pela mudança. O PSOL em 2007 pediu cassação do então senador Roriz por escândalo da bezerra de ouro. Espero que eventos como esse nunca mais ocorram", completou o candidato Toninho do PSOL.
"Não vim aqui para agredir. Vim para debater propostas", rebateu Roriz, que atacou Eduardo Brandão e uma condenação do candidato verde na 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF. "A decisão sobre a inelegibilidade é eminentemente política. Só se pode punir depois de um julgamento político. O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição. Tenho certeza que a decisão será favorável. Tenho um crime que é verdadeiro (renunciar). Eu renunciei e não sentia bem naquela casa", disse Roriz.
O ataque ao ex-governador, que busca ocupar pela quinta vez o Palácio do Buriti, continuou com uma comparação proposta pelo petista Agnelo Queiroz. De acordo com o ex-ministro do governo Lula, com R$ 96 milhões, montante que, segundo ele, teria sido desviado na gestão Roriz, seria possível construir pelo menos 100 creches para a população do DF.
Questionado, Roriz se disse "amplamente favorável à Lei da Ficha Limpa, desde que a legislação não retroaja. "Sou francamente favorável à lei da ficha limpa. Apenas uma ressalva. Não se vota algo para retroagir. Imagina aqui se todos os telespectadores têm uma casa e viesse uma lei dizendo a partir de hoje não tem mais casa própria. Isso é legal ou ilegal?", disse Roriz, voltando a justificar a suposta transação envolvendo uma bezerra, situação utilizada para explicar as acusações na época de renúncia. "Ontem mesmo houve um leilão de vários animais em Uberaba e o preço menor foi duas vezes mais que a bezerra da minha família. E falam em bezerra de ouro. Se for assim, tenho várias bezerras de ouro", provocou.
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