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Internacional
Domingo - 19 de Setembro de 2010 às 15:07

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A avaliação que o Vaticano faz da viagem do papa Bento 16 ao Reino Unido é "certamente positiva", e inclui um enfretamento de "clareza e eficácia" do problema da pedofilia no clero, com os encontros do Pontífice com vítimas e pessoas que trabalham em defesa das crianças.

Em uma conversa com a imprensa em Birmingham -- onde o líder máximo da Igreja Católica beatificou na manhã deste domingo o cardeal John Henry Newman e condenou a "ideologia maligna" do nazismo --, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, afirmou que as duas iniciativas são um modo de "olhar adiante", além "do que aconteceu nestes anos terríveis".

Ontem, ainda em Londres, Bento 16 se reuniu com cinco vítimas britânicas de pedofilia em um evento que foi definido pelo próprio Lombardi como "comovente e importante". Depois, ele encontrou pessoas que trabalham na proteção dos jovens contra os abusos no ambiente eclesial, e expressou que esta constitui "uma parte importante da vasta resposta" da instituição quanto aos casos.

Adrian Dennis/AFP
A Santa Sé afirmou que as iniciativas do papa em tratar sobre temas delicados são um modo de "olhar adiante" e demonstram "o compromisso da Igreja pelo futuro"
A Santa Sé afirmou que as iniciativas do papa em tratar sobre temas delicados são um modo de "olhar adiante" e demonstram "o compromisso da Igreja pelo futuro"



De acordo com o porta-voz do Vaticano, o Papa "demonstrou o compromisso da Igreja pelo futuro". "Foi também uma indicação de método. Partindo de escutar e compreender as vítimas, portanto dos crimes, se faz justiça e se cria um ambiente renovado no qual tais fatos não se repetem mais", completou.

Sobre uma avaliação geral dos quatro dias que o Pontífice passou no Reino Unido -- com etapas em Edimburgo, Glasgow, Londres e por último Birmingham, de onde ele embarca na tarde de hoje de volta a Roma --, Lombardi afirmou que "todos concordam com o grande sucesso".

"Nem tanto do ponto de vista dos números, que mesmo assim existem, mas da escuta, real e forte, e do fato de que a mensagem do papa foi recebida com respeito e alegria pelos fieis", completou ele, dizendo que havia 200 mil pessoas ao longo do trajeto percorrido pelo papamóvel ontem em Londres, enquanto na vigília de oração celebrada no Hyde Park haviam outras 80 mil.

O porta-voz falou de uma "viagem maravilhosa", na qual "centenas de milhares de pessoas viram, encontraram, escutaram o Papa" e recordou a atenção à "mensagem positiva sobre o papel da Igreja no mundo de hoje", atentamente ouvida "no grande evento no Westminster Hall", a sede do Parlamento, quando Bento 16 falou a autoridades civis, políticas e culturais britânicas.

Lombardi citou os momentos dedicados ao ecumenismo, como a celebração na Westminster Abbey junto ao arcebispo anglicano de Canterbury, Rowan Williams, "que vai no coração do significado do relacionamento ecumênico, isto é, como testemunhar juntos Cristo na sociedade de hoje".

O representante da Santa Sé também recordou "o encorajamento extraordinário da comunidade católica deste país" e disse que a visita de Estado ao Reino Unido foi sobretudo "um sucesso espiritual".

Apesar da visão positiva do Vaticano, a viagem despertou manifestações e teve uma afluência menor do que a esperada. Ontem, entidades seculares e de defesa dos direitos dos homossexuais realizaram uma passeata pelas ruas de Londres protestando contra posições da Igreja Católica e os escândalos de pedofilia, entre outros motivos.

Também teria havido pouco comparecimento nos três grandes eventos públicos presididos pelo pontífice. Segundo fontes da organização consultadas pelo jornal "The Independent", 400 mil lugares haviam sido disponibilizados -- as celebrações de Bento 16 no Bellahouston Park de Glasgow e no Cofton Park de Birmingham receberam, respectivamente, 70 mil e 60 mil fieis, além das 80 mil do Hyde Park.

Outra caso foi o dos seis homens presos nesta sexta-feira por suspeita de elaborarem um atentado terrorista contra o Papa. Eles foram libertados hoje, sem que nenhuma ameaça real tenha sido comprovada. O Vaticano demonstrou pouca preocupação em relação às detenções e disse que os protestos "já eram esperados". 






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