Magno fala em valorização dos servidores de carreira
Candidato ao governo de Mato Grosso pelo PSOL, Marcos Magno, acredita que é perfeitamente viável assumir o controle do Estado sem o auxílio de partidos políticos para elegê-lo e tampouco auxiliá-lo na administração. "Faremos um governo onde os funcionários públicos de carreira serão responsáveis pelo secretariado. Nós entendemos que não são os políticos que fazem a máquina administrativa funcionar, mas os servidores de carreira que são capazes de impulsioná-la", afirma.
De origem mineira , o socialista fala ainda de suas propostas com relação aos investimentos bilionários da Copa do Mundo e o que pensa ideologicamente seu partido fundado pela ex-senadora do PT de Alagoas, Heloísa Helena. "Defendemos a liberdade e democracia e entendemos que o modelo capitalista neste instante atende apenas pequenos grupos e estamos em defesa da maioria da população".
A Gazeta - Porque o senhor decidiu concorrer ao governo do Estado?
Marcos Magno - Estou preparado e quero ser o governador de todos os mato-grossenses, os trabalhadores de Mato Grosso, em sua maioria contribuem para o crescimento econômico deste Estado, porém, as riquezas produzidas pouco respingam sobre eles tendo em vista a concentração do poder político e dos meios de produção em mãos de poucos que apenas estão dispostos a socializar o caos social para a classe trabalhadora. Pretendo fazer uma inversão de prioridades atendendo as classes menos prestigiadas pelos governantes que até aqui já passaram pelo poder.
Gazeta - O PSOL é um partido jovem e ainda não está claro o que pensa a respeito de socialismo e liberdade. É algo semelhante ao regime de Cuba ou China? Qual é o papel defendido pelo PSOL com relação a estes valores?
Marcos - O Partido do Socialismo e Liberdade defende a redução das desigualdade sociais e nossas ideias vão ao encontro dos benefícios que deve ser levado as classes sociais menos favorecidas. É engano pensar que estamos tratando deste assunto de maneira pouca contundente. Estamos defendendo firmemente propostas que amenizem esse processo capitalista e concentrador de renda que está instalado no país e principalmente neste Estado.
Gazeta - O PSOL é um dos defensores da estatização, ou seja, a bandeira assumida pela extinta União Soviética de que cabe ao Estado o controle de tudo?
Marcos - Nós não defendemos esse modelo radical de estatização. Defendemos a liberdade e democracia e entendemos que o modelo capitalista neste instante atende apenas pequenos grupos e estamos em defesa da maioria da população. O que verificamos em Mato Grosso é uma concentração de riqueza e terra na mão de poucos.
Gazeta - Em sua opinião, quais são as maiores carências do Estado de Mato Grosso?
Marcos - Carências estão em todos os setores da vida social. Há muitas deficiências na saúde pública, ocupamos as últimas colocações com relação à qualidade do ensino público, a segurança está um verdadeiro caos e muitos jovens por falta de oportunidade estão no mundo do crime. Há ainda uma verdadeira epidemia com relação ao uso de drogas. O Estado precisa formular políticas públicas eficientes neste sentido e sinto-me preparado para essa função.
Gazeta - Há consenso da classe política de que é necessário preservar a alta produção agrícola com o avanço na melhoria dos indicadores sociais que são educação, saúde e segurança pública. Quais são as propostas do senhor neste sentido?
Marcos - Nós faremos uma grande convocação dando a oportunidade para a sociedade se manifestar. Nós conclamaremos a sociedade civil organizada para nos ajudar porque entendemos que é uma conhecedora profunda do processo de transformação. Vamos buscar as soluções de maneira compartilhada, dando ênfase a sociedade forçando a participação nas áreas mais abandonadas. Nós verificamos que as entidades de classe como as associações médicas, sindicatos dos trabalhadores da educação e segurança pública tem as soluções, mas, o Estado permanece distante deste processo de aproximação para ouvir essas entidades que conhecem a realidade social. Em nosso governo, daremos essa oportunidade encontrando soluções compartilhadas.
Gazeta - Sua candidatura é sustentada pelo único partido que é o PSOL. Sem partidos aliados, uma eventual chegada ao governo do Estado não levaria a enfrentar resistências sobretudo no poder Legislativo?
Marcos - Nós vamos convocar a sociedade porque precisamos de uma gestão que tenha responsabilidade social. Os poderes constituídos são importantes, mas deverão entender que o caos social que estamos vivendo em Mato Grosso só vai ter fim com o consentimento deles, que é aprovar uma administração focada no interesse social e não meramente políticos. Faremos um governo onde os funcionários públicos de carreira serão responsáveis pelo secretariado. Nós entendemos que não são os políticos que fazem a máquina administrativa funcionar, mas os servidores de carreira que são capazes de impulsioná-la.
Gazeta - Desde a redemocratização do país, Mato Grosso é resistente com relação à chegada de um governante com origens de esquerda quando se trata de disputa ao governo do Estado. Por que deve ser entendido, agora, que o senhor é a melhor opção para administrar o Estado a partir de janeiro de 2011?
Marcos - Entendemos que esse processo é resultado da concentração do poder de políticos que tem seus interesses econômicos atrelados a gestão pública. A sociedade está distante porque está descrente da política, faço aqui uma convocação para que as pessoas de bem venham aos partidos políticos e participem dos debates para inverter esse processo. Precisamos do poder popular e não o poder dos políticos que tem apenas interesses obscuros na máquina pública que são licitações e direcionar verbas públicas a setores mais conservadores. Precisamos de um governo focado no social e acredito que o mato-grossense vai optar pelas mudanças em saúde, educação, segurança pública, ou seja, focado na melhoria da qualidade de vida do cidadão.
Gazeta - Com relação aos projetos da Copa do Mundo de 2014, o que deve ser feito para por estes projetos em prática e beneficiar não apenas Cuiabá, mas a população do interior?
Marcos - Nós temos visto que o advento da Copa do Mundo para Mato Grosso foi muito importante, mas nós estamos vendo pouca transparência com relação ao desenrolar dos projetos que estão sendo implantados. Estamos com dificuldade de implantar programas sociais mesmo com recursos disponíveis. Um dos exemplos é o BID Pantanal que são verbas aprovadas mas deixadas de lado pela gestão do Blairo Maggi. Ainda tem o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que está empacado devido as suspeitas de fraude em licitação e agora mais de R$ 1 bilhão para a Copa do Mundo e estes recursos não trarão o legado que Mato Grosso precisa.
Vamos gastar mais de R$ 800 milhões com a construção de uma arena esportiva e a população não foi sequer consultada a respeito de demolir ou não o Verdão. Pelo modelo a atual, a Copa não vai deixar legado a Cuiabá, com o mote da propaganda de Copa do Pantanal poderíamos fazer um tratamento de esgoto de todas as cidades do Vale do Rio Cuiabá, seria deixar um bom legado, não podemos ficar restritos a meros projetos de acessibilidade a Cuiabá. Não concordo com o modelo de escolha dos integrantes da Agecopa e, se for eleito, vou assumir a presidência com a participação da população que irá escolher demais integrantes.
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