Na TV, programa de Dilma eleva o tom contra tucanos
Se antes deixava de fora menções ao principal rival nestas eleições, o PSDB, o programa da presidenciável Dilma Rousseff (PT) passou a incorporar críticas à administração tucana.
Um gráfico mostra que o governo de Fernando Henrique Cardoso precisou de oito anos para criar cinco milhões de empregos. O "governo de Lula e Dilma", em compensação, gerou 14 milhões de novas vagas "em apenas sete anos e meio".
Os depoimentos de Dilma tomaram tempo maior do que o costumeiro --a participação de Lula vem se reduzindo a cada programa, embora os feitos do governo sejam sempre associados à parceria do presidente com a ex-ministra.
A candidata ressaltou a estabilidade do Brasil sob comando de Lula. Na gestão anterior, observa Dilma, "qualquer crise lá fora" provocava o caos.
Já a última grande crise mundial, que tomou força em 2008 e se estendeu para 2009, teve impacto reduzido no Brasil. "Fomos o último [país] a entrar na crise e o primeiro a sair dela", diz a petista.
Ela também lembrou programas como o Super Simples, que dá amparo a micro e pequenas empresas --que ganharão um ministério caso o PT ganhe as eleições, se as promessas de Dilma vingarem.
Em um dos quadros, ilustrações mostram a "herança maldita" de FHC. Nuvenzinhas trazem pontos negativos desta época: arrocho salarial, desemprego, crise, FMI e estagnação.
"Com Lula, veio a mudança", afirma o locutor. Dominam a tela, então, balões vermelhos com mensagens de sucesso: ascensão social, crescimento, emprego, estabilidade e soberania.
Outro ponto em que o "governo de Lula e Dilma" (os dois aparecem sempre colados) levou vantagem sobre FHC, segundo narrativa petista: antes, um salário mínimo "não comprava nem uma cesta básica e meia". O valor atual, de R$ 510, é suficiente para duas cestas e meia, exalta o PT.
PSDB
É justamente o piso salarial que serve como artilharia no programa do candidato à Presidência do PSDB, José Serra.
O tucano vem intensificando a divulgação da proposta de elevar o salário mínimo para R$ 600 no ano que vem.
No rádio, foi criado até um jingle: "Salário mínimo decente/ 600 reais/ posso sonhar, posso comprar/ posso pagar a prestação/ mínimo a 600/ com Serra eu tenho mais dinheiro na mão".
Na TV, a estratégia é mostrar que o governo federal manteve o piso nacional sempre abaixo da média de São Paulo, que está sob controle dos tucanos há 16 anos.
A culpa é atribuída ao "governo Dilma". Lula não é mencionado, conforme tática de não bater de frente com a popularidade do presidente.
No último minuto, o programa explorou a derrubada de Erenice Guerra da Casa Civil, após acusações contra familiares, como suspeitas de lobby do filho Israel Guerra.
PV
A propaganda da candidata verde Marina Silva continua a apostar fichas num "segundo turno histórico com duas mulheres".
Para reforçar o ponto, usa-se uma reportagem da Folha que mostra crescimento de Marina entre eleitores de maior renda e escolaridade. O locutor fala em "arrancada" da presidenciável nas pesquisas.
No plano nacional, contudo, a candidata repetiu sua taxa de 11% das intenções de voto, contra 51% de Dilma e 27% de Serra, conforme o último Datafolha.
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