A coligação do candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, ajuizou na noite desta sexta-feira (17) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido de multa à ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra. Ela é acusada de ter “desqualificado” Serra, adversário da candidata apoiada pelo governo na corrida ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff (PT), em nota divulgada na última terça-feira (14).
A nota foi divulgada dois dias antes de Erenice Guerra pedir demissão do cargo de ministra da Casa Civil depois das denúncias da revista “Veja” sobre um suposto esquema de tráfico de influência na pasta, envolvendo o filho dela, Israel Guerra.
No texto, Erenice afirma que haveria uma “indisfarçável” campanha de difamação contra ela e sua família e a favor de “um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um ‘fato novo’ que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado”. O texto não cita o nome de José Serra.
Na ação, os advogados de Serra alegam que ao se referir a um candidato “aético e já derrotado”, a ex-ministra “procurou de forma imprópria e indevida” imputar a referida campanha à candidatura do tucano.
Pela lei, Erenice pode ser condenada a pagar multa que varia de 5mil a 100 mil UFIR. O G1 entrou em contato com o advogado da ex-ministra, Eduardo Ferrão, mas não obteve retorno.
A ação também cita a candidata Dilma Rousseff por ter se beneficiado do suposto ataque que Erenice teria feito ao candidato tucano na nota oficial.
“Ainda não fomos notificados. Essa representação deve ser arquivada. Por que não estaria beneficiando a Marina ou o Plíno? Por que dedução é imediata sobre serra? Esta ação é mais uma daquelas de desespero”, afirmou um dos advogados da campanha petista, Admar Gonzaga.
Abaixo, veja a íntega da nota questionada por José Serra:
"NOTA À IMPRENSA
1. Encaminhei aos Ministros Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, e Luis Paulo Teles, da Justiça, ofícios em que solicito que se procedam todas as investigações necessárias no sentido de apurar rigorosamente os fatos relatados em matéria publicada pela revista Veja, em sua edição mais recente, e que envolvem tanto minha conduta administrativa quanto a de familiares meus.
2. Espero celeridade e creio na exação e competência das autoridades às quais solicitei tais apurações.
3. Reafirmo ser fundamental defender-me de forma aberta e transparente das mentiras assacadas pela revista Veja. E assim o faço diante daquela que já é a mais desmentida e desmoralizada das matérias publicadas ao longo da história da imprensa brasileira.
4. Lamento, sinceramente, que por conta da exploração político-eleitoral, mais que distorcer ou inventar fatos, se invista contra a honra alheia sem o menor pudor, sem qualquer respeito humano ou, no mínimo, com a total ausência de qualquer critério profissional ou ética jornalística.
5. Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um "fato novo" que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado.
6. Pois o fato novo está criado e diante dos olhos da Nação: é minha disposição inabalável de enfrentar a mentira com a força da verdade e resoluta fé na Justiça de meu país, sem medo e sem ódio.
Erenice Guerra
Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República
14 de setembro de 2010"
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