Parecem normais compra e venda de votos, diz Ramos
“Hoje parece normal comprar ou vender votos. Isso é assustador”. A declaração é do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Rui Ramos, que criticou a postura dos cidadãos que banalizam a corrupção eleitoral.
Em entrevista à Rádio Band FM e ao Programa Baixada 40º, da TV Cidade Verde, o desembargador alertou aos eleitores que tanto quem compra como quem vende o voto é um criminoso. “Temos que acabar com essa aparente normalidade sobre o que é ilegal”, disse o presidente.
Rui Ramos explicou que a consequência da compra de voto pode resultar na realização de um novo pleito que vai gerar gasto e desgaste também para a população.
Como exemplo, em sete cidades de Mato Grosso o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foram determinadas novas eleições por compra de votos. E só basta a confirmação de compra de um voto apenas para o eleito ser cassado. Em cada pleito desses são gastos pelo menos R$ 50 mil. “Às vezes aqueles cem reais que o eleitor recebe podem ter interferência lá no futuro, para depois uma nova eleição ter que ser realizada e o dinheiro para isso vem do bolso do próprio contribuinte”, disse o desembargador.
“Muita gente vê a compra de votos como uma tradição brasileira. Mas isso não é normal. Isso é ilegal. Caixa 2, invasão de dados sigilosos, venda de votos, tudo isso parece normal já, mas não é. Para uma sociedade que quer evoluir, isso é mortal”, ressaltou o desembargador.
Para combater a compra de votos, a Justiça Eleitoral conta com uma participação importante: a do próprio eleitor. O TRE já recebeu mais de duas mil denúncias de infrações pelo telefone 0800 647 8191. O denunciante tem a garantia do anonimato ao eleitor. Além disso, os juízes eleitorais e promotores estão atentos às infrações.
Rui Ramos também falou sobre a impressão de que a militância partidária está desaparecendo. Hoje os candidatos têm que contratar cabos eleitorais para chamar atenção e fazer volume nos comícios e eventos. Para o presidente, a culpa disso é dos próprios partidos, que não divulgam, muitas vezes nem têm suas ideologias e bandeiras político-sociais. “Os partidos têm espaço reservado na TV, por exemplo, antes do período eleitoral, para divulgar as ideias. Mas o que vemos é que usam esse espaço para promover uma pessoa, um possível candidato do partido, ou seja, desvirtuam a finalidade da propaganda partidária”, disse Rui Ramos.
O presidente do TRE conclamou os eleitores a não apenas votarem, o que é uma obrigação, mas a fazerem um voto consciente e não desperdiçarem os votos, decidindo por nulo ou branco. “Dentre tantos candidatos, deve ter pelo menos um com quem o eleitor se identifique”, disse o desembargador.
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