Especialistas alertam para a necessidade de acompanhamento médico
Genéricos elevam vendas de remédios para impotência
Dos dez remédios mais vendidos em julho, cinco são genéricos ou similares (clique aqui e entenda a diferença entre os modelos de produto), representando 42,5% dos comprimidos comercializados no mês. Todos são fabricados por empresas do grupo EMS. Eles foram responsáveis por 24,2% do dinheiro ganho com a comercialização dos medicamentos – como custam mais barato, em geral dão um faturamento menor para as fabricantes.
A principal razão para essa mudança é a questão do preço. Enquanto o Cialis custa em torno de R$ 40 por comprimido e o Viagra, no novo valor, sai por R$ 15, um genérico fica em torno dos R$ 10.
Mesmo antes do lançamento dos genéricos, no fim de junho, houve uma mudança importante nessa competição. Depois de perder a exclusividade sobre a produção do Viagra, a Pfizer, que fabrica o remédio, resolveu contra-atacar e anunciou um corte de 50% no preço do produto. Com isso, a pílula azul, que há anos ficava atrás do principal concorrente, o Cialis, do laboratório Eli Lilly, assumiu a liderança e ficou com 37,2% das pílulas vendidas, contra 28,9% do rival.
Apesar disso, o Cialis, que concentra seu marketing na duração prolongada (o efeito dura em torno de 36 horas, enquanto o Viagra age por quatro a seis horas) e não deve ter seu preço reduzido, ainda fatura mais. O produto da Eli Lilly representou 48% do dinheiro ganho com a venda desses remédios em junho, enquanto o da Pfizer ficou com 26,5%.
Em julho, todos os medicamentos “de marca” contra a disfunção erétil perderam participação de mercado, levando em conta o volume de vendas. O Viagra caiu de 37,2% para 27,1%, enquanto o Cialis despencou de 28,9% para 17,6%. O Helleva, remédio de referência do laboratório brasileiro Cristália, passou de 10,3% para 5,7% e o Levitra, da Bayer, caiu de 6,5% para 4,1%.
Odnir Finotti, presidente da Pró-Genéricos, associação que reúne as indústrias farmacêuticas do setor, diz que os resultados, tanto de aumento do mercado como da fatia alcançada pelos genéricos, estão “dentro do esperado”.
– É a regra do jogo. Quem não podia, agora passa a comprar.
Para Luciano Finardi, diretor de marketing da Eli Lilly, os resultados de julho estão “fora da média”, em razão de os fabricantes de genéricos estarem começando a abastecer as prateleiras. Em agosto e setembro deve haver, segundo ele, “uma leitura mais normalizada” do mercado.
– O que é certo é que vamos ter um crescimento de mercado muito maior do que no ano passado, na casa dos dois dígitos.
Remédio exige receita médica
É importante lembrar que os preços dos remédios para impotência podem baixar, mas a importância do aconselhamento médico, não. Quando alguém toma o remédio sem orientação, pode estar "mascarando" os sintomas de um problema mais grave, como doenças nas artérias do coração, pressão alta, ou diabetes, já que a disfunção erétil é uma espécie de marcador para isso.
Eduardo Pimentel, urologista do Hospital de Base do Distrito Federal, diz que nem sempre o remédio é o tratamento mais indicado para a disfunção erétil.
– Ele pode funcionar por um tempo, fazer a pessoa ter ereções, mas a doença de base [como a diabetes ou a hipertensão] vai progredir, fazendo com que a disfunção se reinstale.
Um grupo preocupante no que diz respeito ao uso de remédios como Viagra são os jovens. Celso Gromatzky,membro do núcleo de urologia do Hospital Sírio-Libanês, diz que eles costumam usar o produto para contrabalancear o efeito negativo que a bebida e as drogas têm sobre a ereção.
– O cara tenta ter uma relação sexual enquanto está alcoolizado, tem uma performance ruim e acaba tomando o remédio para controlar a situação. É um problema porque ele acaba achando que precisa do remédio para fazer sexo.
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