Revista britânica The Economist legitima a potência da agricultura brasileira e mato-grossense no cenário mundial da produção de alimentos
MT se consolida como produtor
A franca ampliação da produção agrícola num processo cada vez mais sustentável sob o prisma ambiental e o reconhecimento de segmentos internacionais à importância da agricultura brasileira consolidam Mato Grosso na posição de grande produtor mundial de alimentos. O mais novo levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para uma produção de grãos da ordem de 28,3 milhões de toneladas na safra 2009/2010 no Estado, resultado que deve crescer cada vez mais nos próximos anos com o avanço da tecnologia, o crescimento exponencial da demanda de alimentos e o emprego de áreas de pastagem para o plantio.
Reportagem que acaba de ser publicada pela revista britânica The Economist legitima a potência da agricultura brasileira e mato-grossense no cenário mundial da produção de alimentos. A matéria especial exalta a transformação da agricultura brasileira nos últimos 30 anos, "fenômeno" que, segundo a publicação uma das mais conceituadas do planeta "está deixando o mundo inteiro admirado". No longo artigo, que ganhou forte repercussão, a revista atesta que o mundo "deveria aprender com o Brasil" maneiras de evitar uma crise de alimentos.
Nesse cenário, a Economist dá destaque à pesquisa científica como uma das principais plataformas ao avanço da agricultura, chamando a atenção ao trabalho desenvolvido pela Embrapa no cenário nacional. Para o ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos maiores líderes do agronegócio no país, a publicação deve ser encarada como o reconhecimento mundial não apenas da força do setor produtivo, mas do esforço dos agricultores em agregar mais produtividade às lavouras e maior sustentabilidade ambiental.
Maggi aponta um centro de pesquisas com raízes mato-grossenses, a Fundação-MT, de primeira grandeza ao processo de evolução da agricultura no país, assim como a Embrapa. Criada há quase duas décadas, a instituição fomentou o salto em lavouras de soja e algodão. O investimento maciço em pesquisa partiu dos próprios produtores rurais mais especificamente 23 agricultores, incluindo Maggi - que enxergaram, lá atrás, a importância da tecnologia no campo para a ampliação da produção em Mato Grosso.
Entre os feitos da Fundação MT está a introdução de 42 novas cultivares de soja no mercado, entre convencionais e transgênicas incluindo a primeira variedade resistente à ferrugem asiática, mal que assola lavouras em diversas partes do mundo.
"Definitivamente, Mato Grosso deu um verdadeiro exemplo ao Brasil e ao mundo ao investir na pesquisa agropecuária. Hoje somos um gigante na agricultura graças à semente plantada lá trás, priorizando o conhecimento e tecnologia na lavoura. A agricultura brasileira não teria o salto tecnológico que é reconhecido hoje, mundialmente, sem essa iniciativa dos produtores de Mato Grosso", destaca Maggi.
Junto com o aumento da produtividade, a disseminação da tecnologia assegurou um modelo mais rentável de produção ao setor. "Problemas inicialmente assustadores, que causavam muitos prejuízos, como o cancro da haste e o nematóide de cisto da soja, foram superados com a criação, num curto espaço de tempo, de cultivares resistentes. Mato Grosso tornou-se auto-suficiente na produção de sementes e detém o título nacional de campeão de produção e produtividade. A sojicultura no Cerrado se tornou uma realidade rentável, segura e permanente", ressalta o presidente da Fundação MT, Hugo de Carvalho Ribeiro.
Salto produtivo A produtividade registrada no campo é a prova do efeito positivo do emprego da tecnologia nas lavouras tanto de Mato Grosso, quanto do Brasil. A série histórica do desempenho das safras no país elaborada pela Conab revela números que impressionam. Na safra de 1976/77, a primeira aferida pela companhia, Mato Grosso despontava com uma produtividade de 1,3 mil quilos por hectare, volume que saltou para uma estimativa de 3,1 mil quilos ao final da safra 2009/2010, um crescimento de 130%. O desempenho é similar ao registrado no Brasil no mesmo recorte histórico.
O volume em produção configura outro salto no levantamento. Mato Grosso passou de uma produção de 1,5 milhão de toneladas de grãos no início da década de 80 para 28,3 milhões neste ano-safra (veja o quadro). Essa evolução reafirma a potência da agricultura e porque o Estado se consolidou mundialmente como grande celeiro do agronegócio.
O 12º Levantamento da Safra de Grãos 2009/2010 aponta para a produção nacional de 147 milhões de toneladas, recorde no país. Mato Grosso contribui com 20% desse total. "Mato Grosso é um grande produtor e tem um potencial imenso de aumentar sua produção utilizando as áreas abertas pela pecuária. Para consolidar os resultados que apresentamos hoje, reconhecidos mundo afora, o agricultor mato-grossense contribuiu diretamente para uma agropecuária de ponta em Mato Grosso e no Brasil", posiciona o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.
Ao apontar a agricultura brasileira como "o milagre do cerrado", a revista britânica The Economist reverencia o Centro-Oeste e o Brasil como chave à produção de alimentos diante do dilema da fome no planeta. "Se virmos qualquer outra coisa como aconteceu no próprio Brasil, alimentar o mundo em 2050 não parecerá uma luta árdua como parece ser hoje", conclui a reportagem da revista britânica The Economist, em menção a alertas feitos pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Comentários