A 21 dias das eleições, a Rede TV! e a Folha de S.Paulo colocaram na mesma arena quatro presidenciáveis.
Líder disparada nas pesquisas, Dilma foi o alvo preferencial. Serra, o atirador de dardos contra a petista. Ele direcionava, sempre que podia, todas as perguntas à rival, enquanto ela tentava ignorá-lo. Nenhuma das vezes que teve a chance de perguntar Dilma dirigiu-se Serra.
O tema-chave da noite, que moveu as reações ofensivas, foi "corrupção". Casos antigos e novos foram resgatados: aloprados, mensalão, sigilo e a recente acusação de susposto esquema de tráfico de influëncia envolvendo a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.
A petista foi questionada por uma jornalista se colocaria a "mão no fogo" pela atual titular da pasta, seu braço direito quando estava no governo, sucessora quando deixou o Executivo e pessoa de quem se tornou amiga pessoal nos últimos anos.
"Se houve, tem de tomar as providëncias mais drásticas possíveis. No caso da ministra Erenice, foi feita uma acusação e o que se tem hoje é exatamente nada. Agora, eu quero deixar claro aqui: eu não concordo, não vou aceitar que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha", rebateu a candidata, referindo-se a Israel Guerra, filho de Erenice, apontado como profissional a serviço de lobistas.
Serra foi para cima do "governo que acoberta companheiros e persegue a oposição"; Dilma defendeu investigações "doa a quem doer", citando as operações da Polícia Federal no governo e, mais recentemente, no Amapá.
Ele não perdeu oportunidades de associar a campanha petista à quebra do sigilo fiscal de seus familiares. Dilma acabou ganhando direito de resposta por conta da vinculação. Ecoou um sonoro "o que ele quer é ganhar essa campanha no tapetão". A petista disse ainda que não passaria a eleição como caluniadora, mas ele sim.
Essa afirmação rendeu ao tucano direito de resposta. Serra aproveitou para ironizar a petista por ter o apoio do ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu. "Essas questões que envolvem a democracia não se resolvem com braveza", disse. "Agora você vai pedir direito de resposta por isso (dizer que tem apoio de Dirceu)?"
Marina Silva, do PV, e Plínio de Arruda Sampaio, PSOL, não conseguiram romper a polarização, deixando o ringue quase livre para a luta do "nós contra eles".
A ex-ministra do Meio Ambiente, que manteve seu discurso da "terceira via", criticou e elogiou aspectos das duas administrações, Lula e FHC. Pisou duro, no entanto, quando falou da política.
"Avançamos na economia, avançamos no social, mas a política é um retrocesso, é a pré-história da política."
Propostas sobre economia e avaliações sobre seus fundamentos foram marginais, com exceção mais evidente do tucano. "Os juros no meu governo vão cair...de maneira responsável."
"NÃO SUBESTIME, CANDIDATO"
José Serra atacou mais o governo do que de costume e foi questionado por ter usado a imagem do presidente de forma elogiosa em seu programa de TV.
Ele chegou a criticar o "governo Lula" em algumas ocasiões. Iniciou sua intervenção dizendo que a maior "sucesso" da gestão federal foi não ter "atirado o Plano Real pela janela", contrariando histórico da legenda que havia se oposto ao plano econômico. Fez isso assumindo o legado de Fernando Henrique Cardoso, personagem deixado à sombra inúmeras vezes em sua campanha.
"O maior fracasso foi o mensalão, o dossië dos aloprados, as violações da receita ..."
Serra bateu na tecla de que ninguém conhece sua adversária, fazendo constante contraposição à sua notória vida pública. Foi ao atacar a relação do governo Lula com o Irã que ouviu de Dilma Rousseff uma das suas mais duras réplicas.
"Eu também tenho uma trajetória", afirmou a candidata.
Em seguida, aconselhou: "Não subestime ninguém, candidato, o senhor não é dono da verdade, o senhor não é melhor que ninguém."
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