Em Londres, Julier afirma que não acompanha processo eleitoral em MT
Sem ocupar cargo político, o juiz da primeira Vara Federal de Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, foi um dos principais alvos dos ataques de diversos candidatos nestas eleições no período de pré-campanha. Agora, passados pouco mais de 2 meses, o magistrado permanece em Londres, na Inglaterra, onde conclui seu doutorado, e prefere se manter longe dos holofotes políticos do Estado. “Não estou acompanhando o processo. Estou em Londres”, limitou-se a dizer quando perguntado sobre como avalia as campanhas eleitorais deste pleito em Mato Grosso.
Julier é tido como um juiz polêmico. Sua atuação divide opiniões. Para segmentos da sociedade é tido como "operador do direito linha dura, corajoso e destemido na luta contra a corrupção". Outros, no entanto, o tem como inconsequente. Alegam ainda que o juiz estaria atuando na magistratura com viés político em alguns casos e lembram até que fora militante do PT antes de ocupar a cadeira de juiz federal. No início deste ano, embora nunca tenha confirmado, Julier teria cogitado a possibilidade de disputar o Palácio Paiaguás. Em pesquisas de intenção de votos realizadas em janeiro, Julier chegou a ser citado por alguns entrevistados para ocupar o cargo.
Em junho deste ano, 15 políticos chegaram a encaminhar uma representação contra o juiz ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contestando a conduta do magistrado durante a Operação Jurupari. Um dos mais indignados na época, o candidato à reeleição, deputado federal Pedro Henry (PP), chegou a acusá-lo de, juntamente com o procurador Mário Lúcio Avelar e o candidato ao Senado e ex-Procurador da República Pedro Taques (PDT), de utilizar o poder estatal em prol de um projeto político.
Deflagrada em 21 de maio, a Jurupari investigou crimes ambientais e culiminou em 91 mandados de prisão, inclusive de assessores do Governo e da esposa do ex-presidente da Assembleia, o deputado cassado, José Riva (PP). Ainda, Julier pediu o bloqueio de bens do ex-governador Blairo Maggi (PR) e dos secretários de Estado, Éder Moraes (Casa Civil), Geraldo de Vitto (Administração) e Vilceu Marchetti (Fazenda) diante do episódio de aquisição de maquinário superfaturado. Contudo, a medida foi questionada pela Justiça, já que não era de competência do juiz federal.
Apesar de comprar a briga com grandes expoentes da política e não descartar o projeto de uma candidatura própria ao Paiaguás, ao se aproximar o período eleitoral, o juiz saiu de cena. No final de maio, afastou-se da Justiça Federal para concluir seu doutorado na Inglaterra. Longe das eleições gerais no país, ele declarou que não deve retornar para antes do pleito e que não se inteirou do processo político no Estado.
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