Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 26 de Agosto de 2010 às 05:32

    Imprimir


Estudo publicado na revista "Nature" desta semana abre caminho para tratamentos de ao menos 50% dos cânceres, por meio de vírus sintéticos.

A pesquisa usou um vírus causador de tumores para entender como funciona o câncer nas células.

Em células normais, a proteína p53 é conhecida como uma espécie de "guerreira kamikaze". Ela causa o suicídio de células problemáticas e permite que sejam substituídas por outras.

No entanto, tanto nos casos de mutações cancerosas de --causas desconhecidas-- quanto em ataques de vírus, a proteína p53 fica desativada.

Quando sofre mutação, a célula pode ficar "imortalizada", explica o professor Carlos Menck, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

ARSENAL

Só agora, 30 anos depois de os pesquisadores se debruçarem sobre a p53 pela primeira vez, seu funcionamento foi de fato entendido, segundo os autores do estudo.

O vírus causador de câncer usa diferentes estratégias para desativar a proteína p53.

Uma delas é compactar o material genético que serve de receita para ela, como se fosse um "arquivo zipado", como explica uma das autoras do estudo, a professora Clodagh O"Shea, do Instituto Salk, Califórnia, EUA.

Além disso, a proteína viral B1B-55k degrada diretamente a proteína p53.

E não acaba aí: outra proteína viral, a E4-ORF3, desmancha a cromatina, uma espécie de laço que deixa organizado o material genético correspondente à proteína.

"Por que o adenovírus, que não tem um genoma grande, investiria com múltiplos mecanismos para desativar a mesama proteína p53?" questiona Kevin Ryan, do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Glasgow, Reino Unido, que comentou a pesquisa a pedido da "Nature".

Isso mostra exatamente "a importância e potência da p53", de modo que seria muito arriscado não ter planos de reserva para lutar contra a proteína protetora, conclui ele.

CONTRA-ATAQUE

"Poucos são os cânceres produzidos por adenovírus. Mas a descoberta pode ajudar a combater tumores que não têm nada a ver com adenovírus", afirma o pesquisador brasileiro Menck.

Segundo ele, a pesquisa abre portas para melhorar uma terapia já proposta.

Ela deve ajudar, segundo Menck, a produzir vírus artificiais com mutações em "proteínas como a E1b-55K, que já existem, e agora ORF3, sugerido pelo artigo", que possam se reproduzir e matar por quebra células cancerosas.

Desse modo, as células saudáveis não seriam afetadas, pois os alvos seriam "especificamente as que tenham mutações em p53", explica Menck. 






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/117572/visualizar/