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Agronegócios
Quarta - 21 de Agosto de 2013 às 02:56

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Em pronunciamento na Câmara, o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) manifestou sua preocupação com o que ele classifica como “grave problema” criado pela falta de armazéns para estocar a safra de grãos no País. “Trata-se de uma dificuldade crônica, que, se não for superada, tornará inviável o aumento da produção nacional”, afirmou.


 
Em Mato Grosso, destacou Bezerra, a falta de silos para armazenar o milho levou a uma situação dramática, em que os produtores estão sendo obrigados a improvisar com coberturas de lona ou mesmo guardar o milho a céu aberto, correndo o risco de perda dos estoques. Até mesmo caminhões são utilizados como armazéns ambulantes.


 
Segundo o IBGE, estima-se uma safra de 185 milhões de toneladas, para este ano, no País, enquanto a capacidade de estocagem é de 158 milhões de toneladas. “Trata-se de um problema muito grave, que tende a se agravar à medida que a produção cresce. As ações do governo para dar sustentação aos preços são importantes, mas não resolvem o problema da armazenagem”, criticou.


 
Mato Grosso, maior produtor de soja e milho do País, lembrou o deputado, é um exemplo muito claro da dimensão do problema. Estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a colheita de milho indicam que a safra pode chegar a 18,6 milhões de toneladas, o que poderia deixar cerca de 20% do total sem armazéns adequados.


 
No município de Sinop, no norte do Estado, o custo de estocagem atingiu R$ 2 por saca, saltando de uma média de 3% para 20% do valor que o produtor recebe pelo milho. Além disso, a recuperação na produção de milho no sul do País e nos EUA aumentou a oferta do produto, derrubando os preços e dificultando a comercialização, num contexto em que os produtores são obrigados a arcar com custos muito altos de transporte.


 
“Em alguns casos, transportar o milho do Centro-Oeste para os portos do Sul e do Sudeste pode até dobrar o valor do produto, inviabilizando a exportação, sobretudo num momento em que o mercado está muito ofertado”, disse Bezerra.


 
Bezerra, entretanto, ressalta que o governo federal anunciou uma “medida acertada” com a criação do Programa de Incentivo à Armazenagem para Empresas Cerealistas Nacionais (BNDES Cerealistas), que destina uma linha de financiamento para a construção e ampliação de armazéns, com um montante de R$ 1 bilhão, a uma taxa de juros de 3,5%.


 
“É um primeiro passo importante no sentido de equacionar um problema que precisa de solução urgente, pois o projetado crescimento da produção nacional de grãos deverá criar gargalos cada vez maiores na infraestrutura do País”, alertou.


 
Bezerra acrescentou, ainda, que, sem alternativas para estocar, o produtor acaba sendo obrigado a vender a safra a preços baixos, o que compromete sua rentabilidade e a capacidade de investimento.


 
“Durante décadas o Brasil trabalhou para ampliar a capacidade de produção agrícola. Agora que os resultados estão sendo colhidos, seria uma tristeza enorme ver os produtos apodrecendo ao relento, lamentou.





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