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Policia MT
Segunda - 23 de Agosto de 2010 às 09:30
Por: José Ribamar Trindade

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Ameaças para marcar território. Tiros para alertar. Mortes para demonstrar força. Os “pistolas” à serviço do tráfico não marcam hora, muito menos lugar para executar um rival. Chegam atirando, não dão um mínimo de chance aos opositores. Aos poucos a violência interna entre as organizações criminosas são evidenciadas, até mesmo porque, acuadas, algumas pessoas já procuram ajuda da Polícia, como aconteceu na madrugada da última sexta-feira (20). No tráfico vale o ditado de que “rei morto é rei posto” dentro de uma “guerra” aparentemente interminável entre líderes para se manter no topo da fama como “comandantes” na guerra entre bairros ou regiões da Capital.  Quando a guerra dá uma trégua, os números de mortes por homicídio despencam.

Assim segue a “guerra” dentro do crime organizado, principalmente no campo do tráfico de drogas. A disputa pelo poder em Cuiabá ou Várzea Grande é desenhado bem ao estilo  dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde a força do tráfico já ultrapassa todos os limites e supera o poder da segurança pública.

Hoje, mais de 80% dos assassinatos são debitados ao “acerto de contas ou a queima de arquivo” pela disputa de poder dentro do próprio crime organizado. Muitas pessoas presas nos últimos tempos por crime de porte ilegal de arma de fogo  tem sido claras em afirmar em seus depoimentos à Polícia que “estou andando armado porque estou sendo ameaçado de morte”, afirmam, sempre com as mesmas respostas.

Outras pessoas ligadas ao tráfico de drogas são mais claras quando são detidas portando armas: “Os guris da boca do Zé estão atrás de mim para me cobrar uma dívida de pó. Por isso eu comprei essa arma para minha defesa”, alegam. Outras procuram a Polícia para denunciar que estão na mira do tráfico só porque eram ou são parentes de traficantes, vivos ou que já morreram.

A GUERRA

Quem matou “Bilu”? A Polícia pode desconhecer, mas ele ainda está vivo na memória de seus comparsas que tentam se manter na liderança que ele ocupou por longos anos. Ele (o Bilu) ainda é alvo de disputa entre os bairros Dom Aquino e São Matheus, em Cuiabá.

Passavam de 1 hora da madrugada de sexta-feira (20), quando dois homens apontados como lideres ou supostos líderes de uma boca no bairro São Matheus foram até o bairro Dom Arquivo para “acertar” as contas ou “queimar o arquivo” de dois rivais, que estariam supostamente tentando se manter a frente dos “negócios” do falecido “Bidu”.

As vítimas - nomes das vítimas foram preservadas por motivo de segurança -, procuraram a Central de Ocorrências para denuncias duas pessoas e tentar se manterem vivas. Uma ocorrência aparentemente sem nenhum valor como furo de reportagem para jornalistas  que cobrem a área policial ou até mesmo das investigações policiais. O caso, no entanto, não é tão simples assim.

A tentativa de assassinato, cujas vítimas levaram um grande susto, mas saíram quase ilesas, pode ter um grande conteúdo de informações no combate ao crime organizado. O Boletim de Ocorrência 29.788 comprova que muitas pessoas já estão preocupadas com o crescimento das mortes encomendadas, principalmente pelo tráfico de drogas numa “guerra urbana” sem precedente, tanto na Grande Cuiabá, como no restante do País.

Segundo a ocorrência, dois homens identificados como Rony e “Peruca”, acusados como traficantes e donos de boca no bairro São Matheus, iniciaram mais uma guerra para tentar assumir o lugar do falecido “Bilu”.

 Para assumir o poder,  “Rony e “Peruca” tentaram matar com tiros, duas pessoas que moram no bairro Dom Aquino e que são ligadas a “Bilu”. As balas não atingiram o alvo, mas uma das vítimas sofreu queimaduras no rosto ser atingida de raspão. Os dois acusados fugiram em um veículo Celta prata.

Nos bairros mais distantes do centro de Cuiabá, como Planalto, Altos da Serra, 1º de Março, Jardim Leblon, Pedregal da região da Grande Morada da Serra, e nos outros dois extremos como o Santa Isabel, Jardim Araçá, Coophamil, na região do Jardim Cuiabá, e no outro lado, como  Jardim Industriário, Pedra 90, Jardim Brasil, Osmar Cabral e Tijucal, no Grande Coxipó, a “guerra” segue no mesmo ritmo.

OS NÚMEROS

Os OSmeros não mentem. Quando o tráfico de drogas não está matando. Ou seja, quando a guerra por disputa de poder dá uma trégua, as estatísticas dos crimes de homicídio despencam. Em alguns dias chegando até a zero.

Nos últimos dois meses, por exemplo, a Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) vem experimentando uma calmaria de assustar. Ao contrário dos meses anteriores, cujos números de homicídios sempre superou a casa de mais de um por dia, em julho apenas 13  pessoas foram assassinadas.

Em agosto, um mês tradicionalmente violento, os números de assassinatos ainda são bem menores, pois  no chegaram a 15. Vale a pena destacar, que o mês de agosto entra para seu último final de semana. O que mais chama a atenção, no entanto, é que além de baixos, os números de assassinatos representam que mais de 80% dos casos registrados são referentes a “acertos de contas” ou “queima de arquivo” a mando do tráfico de drogas.






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