Após eleições, Austrália fica com Parlamento sem maioria
Os dois principais partidos da Austrália começaram a negociar com deputados independentes depois que a eleição dividida deixou o país com seu primeiro Parlamento sem maioria desde 1940, o pior cenário possível para os mercados.
As projeções baseadas em 80 por cento dos votos mostram que tanto o Partido Trabalhista, da situação, e os conservadores da oposição não conseguiram votos suficientes para formar um governo sem coalizões, forçando-os a recorrer aos quatro deputados independentes e um deputado do Partido Verde para assumir o poder na Câmara dos Deputados.
"Obviamente ainda é cedo para saber. Há muitos assentos a decidir," disse a primeira-ministra Julia Gillard a correligionários trabalhistas em Melbourne no sábado.
A primeira mulher premiê da Austrália disse que o resultado final sairia em alguns dias, mas parece que ela já estava negociando com independentes, que poderão decidir quem será o próximo primeiro-ministro.
Analistas projetaram 70 assentos para os dois maiores partidos, com quatro independentes e um representante do Partido Verde.
Ficam portanto faltando seis deputados para que Gillard possa assumir o controle do Parlamento de 150 membros, no que seria o primeiro Parlamento sem maioria desde a Segunda Guerra Mundial.
O líder de oposição, Tony Abbott, também disse que falaria nos próximos dias com membros independentes do Parlamento sobre a formação de um governo de minoria depois das eleições inconclusivas de sábado.
Não temos um resultado claro de hoje. O que ficou claro hoje é que o Partido Trabalhista definitivamente perdeu sua maioria e isso significa que o governo perdeu sua legitimidade," disse ele aos correligionários do Partido Liberal Nacional em Sydney.
"A incerteza será um problema para o mercado financeiro e o dólar australiano vai reagir drasticamente," disse Craig James, economista chefe da Commsec.
"A moeda poderá cair pelo menos um centavo e talvez até mais, com os investidores reduzindo suas posições na economia australiana," acrescentou James.
O independente Tony Windsor disse que está disposto "a conversar com todos" depois que o resultado final sair, segundo a mídia local.
"A questão mais importante é a estabilidade do governo," disse ele.
Alguns independentes têm visões protecionistas e se manifestam abertamente contra o investimento chinês em recursos australianos.
Não apenas o futuro político dos novos líderes Gillard e do chefe da oposição, Abbot, estão em jogo, como também os planos do Partido Trabalhista para um imposto sobre recursos naturais de 30 por cento e de uma rede de banda larga de 38 bilhões de dólares.
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