Estado perde apenas para os vizinhos do Norte e é o pior colocado no CO. Apenas 5,4% de domicílios com esgoto
MT é o sexto pior em saneamento
Mato Grosso é o sexto pior Estado da Federação em atendimento de domicílios com rede de esgoto, segundo a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pesquisa revela que apenas 5,4% dos domicílios mato-grossenses são atendidos pela rede de esgoto (o panorama é de 2008). Embora tenham sido constatados avanços, o Centro-Oeste é a segunda pior região neste quesito, ganhando apenas do Norte.
O percentual de Mato Grosso contrasta com a média nacional, de 44%, e também se destaca como o pior número na região Centro-Oeste. Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem 17,3% dos domicílios atendidos com a rede de esgoto, enquanto Goiás tem 33%, e o Distrito Federal simplesmente ostenta a melhor pontuação do país: 86,3% das casas atendidas. Do outro extremo do ranking, o pior é Rondônia, cujas casas são atendidas em apenas 1,6% pela rede de esgoto; apenas Piauí, Amazonas, Amapá e Pará separam-no de Mato Grosso na lista dos piores.
Como se não bastasse a restrita cobertura da rede, nos municípios mato-grossenses onde existe a estrutura devida ainda perduram casos de habitantes à margem do serviço essencial para o saneamento básico. É isso que desconcerta o topógrafo Clemente Barbosa da Silva, 55, morador do Jardim Vitória, quando a conta de água aparece em casa cobrando R$ 5 a mais pela rede de esgoto. “Esse dinheiro vai pra onde?” pergunta-se. Apontando para uma caixa de concreto no chão à frente de sua casa, ele explica que ela é parte de uma tubulação feita por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até hoje, nada funciona e Clemente utiliza fossa séptica individual.
O problema é quando a fossa começa a esgotar sua capacidade. Aí, o jeito é chamar o caríssimo limpa-fossa, como conta Marina Firmina, há dez anos morando no Altos da Serra. Na avenida Itamaraty, ela conta que nunca houve obra de saneamento. A rua, aliás, é para onde escorre a água das cozinhas. Cena comum na cidade, os canos despejam um líquido que só aumenta a erosão das ruas sem asfalto.
Já moradores do bairro São Mateus até têm onde despejar o esgoto, mas precariamente. Tudo é destinado ao córrego fétido e a céu aberto que corta o bairro. Moradores como Maria Lurdes da Silva, há 30 anos no bairro, dizem que nunca viram a prefeitura mover sequer uma palha.
Eles convivem mais perto com doenças, mosquitos e correm até o risco de cair no córrego-esgoto. Para Lurdes, isso mostra a dimensão do problema de saneamento. Seu neto já caiu no córrego quando atravessava usando a esburacada pinguela que serve de passarela ali. Por isso, os moradores reivindicam uma de concreto, mas a prefeitura por enquanto prevê só a restauração da atual, de madeira. As obras começam em até duas semanas, segundo o secretário de Infraestrutura, Euclides Santos.
O diretor da Sanecap, Álvaro Luiz Gonçalves, explicou que bairros como Jardim Vitória, Osmar Cabral e Florianópolis precisam da regularização do PAC, cujos contratos foram suspensos após a Operação Pacenas, pois ainda existem obras para concluir a rede de esgoto no local. Ele concorda que é precária a cobertura da rede na cidade (39% das casas), mas aposta justamente no PAC para estendê-la a até 70%.
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