ANJ negocia acordo com sites de busca
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) está negociando com sites agregadores de informação, como Google e Yahoo!, medidas que estimulem os internautas a buscar as notícias diretamente nas páginas on-line dos veículos que as produziram.
O anúncio foi feito no último dia do 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio, pela presidente da entidade e diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, em meio ao debate sobre como garantir o reconhecimento dos direitos autorais e a remuneração do conteúdo de empresas jornalísticas reproduzido por terceiros na web.
Segundo Brito, as negociações estão adiantadas com o Google News e devem ter resultados práticos até o fim deste ano. As medidas incluem a redução do tamanho dos textos exibidos nesses sites e o aperfeiçoamento dos critérios de indexação.
Também está sendo negociada a remuneração dos jornais por meio da colocação de anúncios nas páginas resultantes de buscas de notícias. Além disso, a ANJ estuda criar loja virtual para produtos digitais de associados.
"Nossa meta é buscar formas adequadas de remuneração de nossos conteúdos, para que o jornalismo de qualidade continue a desempenhar o papel que tem e sempre teve em sociedades democráticas", disse, ao abrir a mesa que discutiu "o futuro da mídia digital".
Os participantes da mesa deixaram claro que os jornais e essas empresas estão longe do entendimento completo.
O presidente da Associação Mundial de Jornais, Gavin O"Reilly, conclamou os jornais a não esquecer de que "conteúdo ainda é rei" no jornalismo. Ser capaz de ganhar com ele "é fundamental para sobreviver".
Por isso, disse, deve haver cobrança ativa do pagamento dos direitos autorais do material das empresas jornalísticas, como prevê a Declaração de Hamburgo, proposta por publishers europeus e assinada em 2009 pela ANJ.
Segundo O"Reilly, 1.600 jornais do mundo já adotaram o ACAP (sigla em inglês para Protocolo de Acesso Automático a Conteúdo), espécie de código de barra que pode ser lido por computadores de busca e distingue material passível ou não de ser reproduzido sem permissão. A intenção é levar os sites agregadores a negociar o uso de parte do conteúdo.
"Não significa sempre que precisam abrir o talão de cheques. Mas têm que pedir permissão. Se não o fizerem, vão encontrar cada vez mais conteúdo fechado", afirmou.
Os representantes do Yahoo! e do Google não confrontaram diretamente a legitimidade de cobrança de direitos autorais. Mas disseram que os jornais precisam fazer mais para conquistar um leitor que hoje tem mais opções.
"A busca relacionada à notícia visa facilitar o acesso das pessoas, não se apropriar do conteúdo. Qualquer um que não queira ser incluído pode nos procurar", disse André Izay, presidente do Yahoo! Brasil.
Rodrigo Velloso, diretor do Google para novos negócios na América Latina, afirmou: "Demonizar o Google está na moda, como já aconteceu com a Microsoft. Estamos abertos a discutir direitos autorais, mas vamos trabalhar juntos quando convier aos dois lados".
O"Reilly avaliou que o momento do acerto vai chegar e condenou o que descreveu como tática dos sites de escolher alguns veículos para negociar. "Se eles respeitam o direito autoral, vão ouvir o que as empresas estão dizendo, que precisa haver um diálogo e que não temos só que aceitar o que impõem."
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