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Nacional
Terça - 17 de Agosto de 2010 às 09:31

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No Sudeste, o principal destino da população que migrou foi o próprio Sudeste em 1995 e em 2001. Em 2005, no entanto, houve uma inversão e o percentual de migrantes do Sudeste para o Nordeste foi maior. Em 2008, a migração voltou a ser maior do Sudeste para a própria região.

O total de pessoas que migrou de seu estado para outro dentro da mesma região ou para regiões diferentes do país caiu em 14 anos, de acordo com a pesquisa "Migração interna no Brasil", divulgada nesta terça-feira (17) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O percentual da população que migrou foi de 3% da população em 1995 - início da série do Ipea - (cerca de 4 milhões de pessoas.) Em 2008, a população cresceu, mas o percentual de migrantes dentro da população caiu para 1,9% (3,3 milhões de pessoas).

Os dados mostram que mais de 60% das pessoas que migram estão no Nordeste e no Sudeste do país. Desde 1995 até 2008, o principal destino de quem deixou o Nordeste foi o Sudeste. Há ainda um percentual considerável de pessoas que trocou de estado dentro do próprio Nordeste.

Dados da pesquisa divulgada pelo Ipea
Dados da pesquisa divulgada pelo Ipea (Foto: Editoria de arte/G1)



Já no Sudeste, o principal destino da população que migrou foi o próprio Sudeste em 1995 e em 2001. Em 2005, no entanto, houve uma inversão e o percentual de migrantes do Sudeste para o Nordeste foi maior. Em 2008, a migração voltou a ser maior do Sudeste para a própria região.

"Desde o começo da série até o ano de 2001, o fluxo do Nordeste para o Sudeste era
maior que o fluxo inverso. Essa situação foi invertida nos sete primeiros anos da atual década e em 2008 o fluxo entre as duas regiões voltou a ser favorável ao Sudeste novamente. Pode-se indagar sobre as motivações para esse comportamento. Nossas análises mostrarão uma mudança de perfil desses migrantes. Um exemplo é o fato de que os migrantes do Nordeste para o Sudeste já gozam de melhor situação, em termos de formalização do trabalho, que a dos próprios trabalhadores não migrantes da região Sudeste", informa a pesquisa.

O Ipea mostra ainda que, considerando todas as regiões, o Sudeste se manteve, ao longo dos 14 anos, como o principal destino de quem deixou seu estado. Os dados se basearam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sul, Norte e Centro-oeste
O Ipea aponta que, quando se relaciona o fluxo migratório à população residente, o percentual de migrantes é maior no Norte e no Centro-oeste do que nas demais regiões.

No Centro-oeste, a maioria dos migrantes, em 2008, mudou para outro estado dentro da própria região (4,6%). O segundo destino foi o Sudeste, 3,5% dos migrantes do país que deixaram o Centro-oeste.

Na Região Norte, em 2008, 4,4% de quem migrou no país saiu do estado em direção a outro estado na Região.

No Sul, o maior percentual de migrantes também mudou para dentro do próprio estado (5,7% dos migrantes do país em 2008). O segundo destino de quem saiu do Sul foi o Sudeste (3,7% em 2008).

O estudo afirma que a migração é, de "grosso modo, resultante da pobreza", mas o Ipea destaca grande mobilidade internamente dentro de regiões mais pobres.

"Os fluxos migratórios não se dão somente de regiões pobres para regiões ricas. É possível observar, por exemplo, que a migração do Norte é maior para o Nordeste do que para o Sudeste. A observação da diagonal principal, que representa migrações dentro das regiões, mostra a importância relativa desse tipo de fluxo. A ideia comum de exportação da pobreza de regiões menos desenvolvidas para outras de maior poder e dinamismo econômico deve sofrer, então, restrições, ou melhor, qualificações, já que a proximidade também é um fator relevante para explicar os fluxos."

A pesquisa mostra que a migração "deve ser considerada como deslocamento à procura de trabalho e renda". "Migra-se de uma região para outra – ou internamente às regiões – com a intenção de melhoria das condições pessoais ou da família. Migra-se para atenuar as dificuldades vividas na origem, sejam ligadas ao baixo dinamismo das economias locais ou às vulnerabilidades e carências no sistema de proteção social."

Perfil
Conforme o Ipea, um dos fatores que influencia na decisão de migrar é a idade. O estudo identificou que há um percentual maior de migrantes entre 18 e 29 anos. "Na população brasileira em geral, esse indicador já está em diminuição, graças ao processo de envelhecimento populacional, fato corroborado ao observarmos as trajetórias dos não migrantes em todas as regiões. Entre os migrantes internos à região Sul, no entanto, houve um aumento expressivo no último período analisado (de 39,5% para 49,9%). Chama a atenção o alto percentual de jovens entre os migrantes do Nordeste para o Sudeste, que em 2008 foi de 62,9%, maior que o de não migrantes do Nordeste (32,8%) e mais que o dobro do registrado entre os migrantes do Sudeste."

Outro ponto destacado na pesquisa foi a escolaridade do migrante. O Ipea aponta aumento na migração entre pessoas com 12 anos ou mais de estudo.

No Nordeste no Sudeste, conforme a pesquisa, os mais escolarizados preferem migrar dentro da própria região, "enquanto a decisão de mudar de região fica relativamente mais restrita aos menos escolarizados". "Assim, deve-se avaliar a hipótese de que a migração inter-regional sofre efeitos relacionados à estrutura dos mercados de trabalho, mais aberta aos migrantes de menor qualificação. Isso ocorreria especialmente no Sudeste, capaz de absorver mão-de-obra de menor qualificação relativa vinda do Nordeste, enquanto o trabalhador mais escolarizado multiplica suas estratégias de mobilidade considerando o aumento do seu capital relativo no contexto da sua própria região."

Os dados mostram que a informalidade (pessoas contratadas sem registro em carteira ou empreendedores sem documentação) caiu em todo o território nacional ao longo dos anos pesquisados tanto para migrantes quanto para não migrantes.

"Essa dinâmica criou uma situação curiosa: os que migraram do Nordeste para o Sudeste se encontravam, em 2008, em melhor situação do que os próprios não migrantes do Sudeste. Se o processo continuar nessa direção, será possível dizer que esses migrantes estão cada vez mais se qualificando em termos de inserção. (...) Por fim, lança-se mão de motivações conjunturais, como, por exemplo, o bom desempenho da construção civil na região Sudeste, já que cerca de 20% dos homens que migram do Nordeste para o Sudeste estão nesse setor."





Fonte: Do G1

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