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Economia
Terça - 17 de Agosto de 2010 às 08:11
Por: Marcondes Maciel

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PEDRO ALVES/DC
Para quem vende, escassez justifica ascensão dos preços.
Para quem vende, escassez justifica ascensão dos preços.

Os preços do filé de pintado deram um extraordinário salto este ano na Grande Cuiabá, a ponto de ficar mais caros que os do pescado do mar, como bacalhau, merluza e camarão. A “escassez” de peixe neste período é atribuída à época de rios com baixo volume de água – agravada pelo frio - e a baixa oferta nos centros de abastecimento.

No mercado do Porto, principal local de comercialização de pescado de rio, os estoques estão reduzidos e os preços saltaram de R$ 17, no mês de maio, para R$ 27, esta semana, alta de 58,82% no período.

Quando comparado com algumas espécies do mar, o pintado chega a custar 39,90% mais caro que o bacalhau (que estava sendo vendido ontem no Atacadão ao preço de R$ 19,93/Kg), 35% em relação camarão (R$ 20) e 81,85%, em relação ao filé de merluza. Estas duas espécies (merluza e camarão) são procedentes do litoral brasileiro - Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia são os principais fornecedores de Mato Grosso –, enquanto o bacalhau vem da Europa, com 90% do abastecimento garantido pelo mercado norueguês.

Outras espécies nobres da região, como o pacu do rio (R$ 22/Kg) e a matrinxã (R$ 20/Kg), por exemplo, também estão mais caros do que o bacalhau que vem da Noruega. Das espécies mais nobres, apenas a piraputanga (R$ 15/Kg) não concorre com os preços do camarão e bacalhau, mas chega a representar 77% do valor do bacalhau e 75% do camarão. Em relação à merluza, a piraputanga está com seu preço praticamente equiparado.

Quando o consumidor chega ao Mercado do Porto e se depara com o filé de pintado a R$ 27 e depois ele entra em um supermercado e percebe que o preço do bacalhau – para muitos, até mais saboroso que a espécie regional – custa R$ 19,30, a pergunta que vem à cabeça dele é: “Por que o peixe da região chega a custar mais caro que o bacalhau, por exemplo, que vem da Europa?”. Para os revendedores e supermercadistas, a explicação é uma só: baixa oferta do produto e demanda elevada.

A professora Viviane Cardoso estava fora de Cuiabá há três semanas e, no retorno, se surpreendeu com os preços. “Os preços estão mais altos do que no ano passado. Cheguei a comprar filé de pintado por até R$ 17 e agora custa R$ 27. Não sabemos onde vamos parar”.

Segundo donos de bancas no Mercado do Porto, peixe do rio virou “mercadoria de luxo” no local. “Está em falta mesmo. O pouco que chega é vendido logo”, afirmou Raimundo Souza Silva, que trabalha com revenda de peixe há mais de 15 anos e nunca viu crise pior. “O povo se acostumou com o preço e não deixa de comprar. Tem pintado de tanque por R$ 20, mas o consumidor quer mesmo é peixe de rio e sempre acaba levando, independente do preço”.

Ibson Dias Cortez conta que já chegou a ficar sem peixe para trabalhar. “O peixe está vindo de longe e o que chega não dá para nada”. Segundo ele, o volume de pescado de três lanchas do Pantanal não foi suficiente para fechar a carga de uma camioneta ontem. “Recebemos 400 Kg e cada banca ficou com apenas 60 Kg”, diz.

Ontem pela manhã, apenas sete das 30 bancas estavam funcionando. “Sem peixe do rio ninguém trabalha”, afirma Ubaldo Isidoro da Silva, lembrando que está vindo “um pouquinho de peixe de cada região”.

O diretor-secretário da Colônia Z-1 de Pescadores de Cuiabá, Agnaldo Nogueira da Costa, diz que em média chegam 500 Kg de peixe por semana no Mercado do Porto, apenas 10% do volume normal em qualquer época do ano, de 5 mil Kg. “Estamos na pior crise de oferta de que já tenho conhecimento”, sentencia.






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