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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 15 de Agosto de 2010 às 09:20
Por: Carolina Holland

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Ser motivo de chacota para outras pessoas é dolorido. No entanto, quando esse tipo de situação acontece, apesar do constrangimento, há uma chance mínima de defesa, porque sabemos quem são os agressores. O bullying, comportamento agressivo, intencional e repetitivo entre crianças e adolescentes é uma prática antiga e comum nas escolas e salas de aula.

Mas o bullying foi potencializado com a internet. A situação piora porque na rede mundial de computadores a prática se dissemina mais rapidamente e porque não se sabe ao certo quem é o agressor – o que dificulta a punição e a oportunidade de se defender. O cyberbullying pode ser considerado um mal da vida moderna.

Se antes esse tipo de violência era mais comum entre os alunos, agora os professores são as vítimas. E o problema é mais comum do que se imagina. Segundo a professora Jiordana Nascimento, uma das coordenadoras do Sindicato dos Estabelecimentos do Estado de Mato Grosso (Sintrae), a prática de cyberbullying é constante nas redes particulares de ensino e especialmente nas grandes escolas. Como têm melhores condições financeiras, essas crianças têm mais acesso a computadores e internet quando estão fora da escola.

E boa parte dos professores conhece um colega de profissão que já tenha sido vítima da fúria dos alunos. “Conheci um professor de física que sofreu com isso. Criaram uma comunidade numa rede social de relacionamento para falar mal dele. Debochavam das características físicas e do jeito dele. E posso afirmar que alguns alunos realmente pegavam pesado”, disse Jiordana.

No Orkut, a rede social com maior número de usuários no Brasil, o cyberbullying é facilmente encontrado – embora nem sempre seja possível identificar os autores. Uma pesquisa rápida no site revela vários tópicos do tipo “Odeio meu professor” ou “Odeio minha professora” em comunidades de Cuiabá e de escolas daqui.

O professor de história e filosofia da rede pública de Cáceres, Carmelito Alcunha, contou a história de uma professora de sociologia de uma escola pública de Cuiabá que foi vítima de cyberbullying. “Alteraram uma foto dessa pessoa no Photoshop e colocaram a cabeça dela no corpo de outra mulher, que estava sem roupa. Além de espalharem a imagem falsa na internet, os alunos ainda insinuaram que ela estava tendo um caso com outro homem. Isso porque a vítima era casada”, relatou.

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso não tem uma política específica para os professores que são vítimas de bullying ou ciberbullying. “Não tenho relatos de casos dessa natureza, mas entendo que, se acontecer, o melhor caminho ainda é o diálogo”, disse o presidente do Sintep, Gilmar Soares Ferreira.

Para ele, quando esse tipo de violência acontece, é sinal de que há uma falha nas relações interpessoais – e nem sempre o professor é isento de culpa, sendo apenas uma vítima. “Por causa das condições ruins de trabalho, o profissional da educação pode ser mais vulnerável a bullying, por causa do comportamento que ele apresenta na escola”, explicou.

Ferreira frisou que, em todos os casos, a escola deve se esforçar para que haja respeito às condições de todos. “O projeto pedagógico deve fazer com que professores e alunos possam se reconhecer no ambiente, e não se sentirem um objeto estranho. Fazer com que todos se sintam parte da escola é fundamental”, concluiu.






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