Governo colombiano "fecha" Bogotá em busca de autores de atentado
A prefeitura de Bogotá anunciou um plano de controle policial nas entradas e saídas da capital colombiana em busca dos responsáveis pela explosão do carro-bomba que atingiu, nesta quinta-feira, o centro financeiro da cidade, em frente a uma das principais emissoras de rádio do país, deixando ao menos nove pessoas feridas.
A chamada "operação cadeado", prevê a instalação de postos de controle nos acessos à capital e maior vigilância de locais públicos e dos meios de comunicação.
As autoridades também investigam se cinco pessoas que foram presas no fim de semana com explosivos e armas, estariam relacionadas com o atentado.
Segundo as autoridades policiais, o carro-bomba continha 50 quilos de explosivos, um cilindro de gás e um telefone celular em seu interior.
APELO
O prefeito de Bogotá, Samuel Moreno, expressou solidariedade com as pessoas feridas e disse que não se "renderá" diante de atentados como este.
"Aqui os violentos podem tentar fatos assim, mas não nos renderemos, muito menos silenciarão a imprensa", afirmou em entrevista coletiva à imprensa em Bogotá.
A prefeitura pediu a colaboração de moradores por informações relacionadas com o atentado, porém, advertiu que não haverá recompensa financeira, procedimento comum durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe.
O atentado ocorreu menos de uma semana após a posse do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
O governo diz suspeitar que as Farc poderiam ser responsáveis pelo atentado mas analistas políticos também consideram a possibilidade de que o ataque foi feito por grupos paramilitares de extrema-direita para pressionar Santos, que tem dado sinais de distensão, a radicalizar a militarização no país.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, que reatou relações diplomáticas com a Colômbia na terça-feira, condenou de maneira "enérgica" o atentado.
"O povo e o governo repudiam de maneira enérgica este ato terrorista dirigido contra o irmão povo da Colômbia e contra seu fervente desejo de viver em paz", afirma o comunicado da Presidência da Venezuela.
O ATENTADO
A explosão aconteceu às 5h30 (horário local, 7h30 de Brasília) entre a avenida Séptima e a Rua 67, em frente à Rádio Caracol. A explosão, que destruiu janelas de vários prédios ao redor e espalhou destroços do carro pela rua, coincidiu com o início das transmissões da rádio nesta quinta-feira. O ataque foi narrado em tempo real pelo apresentador do programa Dario Arizmendi.
A forte explosão foi ouvida a quilômetros de distância, acordando muitos moradores da região, que mistura áreas residenciais e comerciais.
Não houve nenhuma pessoa ferida com gravidade. Segundo relatos de testemunhas à rádio Caracol, duas mulheres que trabalhavam em um salão de beleza nas proximidades foram levadas a um hospital, com ferimentos leves.
O último atentado com carro-bomba aconteceu em fevereiro de 2003, a um quilômetro do local. Na ocasião, o ato foi atribuído aos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e matou 35 pessoas.
A Colômbia passou por vários atentados terroristas ao longo das últimas décadas, consequência do enfrentamento entre o governo, grupos guerrilheiros e paramilitares.
O novo presidente, Juan Manuel Santos, assumiu o país prometendo manter o compromisso de lutar contra guerrilheiros, a exemplo do que fez o governo de seu antecessor e aliado político, Álvaro Uribe. As Farc, principal guerrilha do país, sofreu importantes golpes em sua estrutura militar durante a gestão de Uribe.
Dias antes de que Santos assumisse o poder, o líder máximo das Farc, Alfonso Cano, propôs a abertura de um diálogo com o novo governo para abrir caminho a uma saída negociada do conflito.
Santos, por sua vez, disse em seu discurso de posse que "as portas não estão fechadas", mas que, para que as negociações sejam iniciadas, a guerrilha terá que concordar em libertar seus reféns de maneira incondicional e abandonar a prática de "atentados terroristas".
COLABOROU MARCIA CARMO, DE BUENOS AIRES
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