Cidade do norte de MT teve a região de madeireiras, principal atividade local, tomada pelas chamas em horas
Fogo destroi 10 madereiras e abala economia de Marcelândia
O cenário é de destruição. Fonte de 30% da riqueza do município de Marcelândia (distante 720 quilômetros de Cuiabá), o Distrito Industrial virou cinzas na tarde de ontem por conta de uma queimada originada numa pastagem, que ganhou força ao atingir o lixão da cidade e partiu de forma desgovernada pelo local da tragédia. Até o fechamento da reportagem não havia registro de mortes.
No início da tarde de ontem, o fogo, somado ao vento forte, derrubou uma a uma as serrarias erguidas com madeira numa rapidez nunca antes vista. Moradores e proprietários das indústrias entraram em pânico. O único hospital da cidade, Maria Zélia, efetuou apenas ontem 200 atendimentos a vítimas de asfixia pela fumaça. Há registro até de pessoas que sofreram infarto e outras complicações. Ninguém teve queimaduras.
De acordo com informações do secretário de Saúde, Jacson Silvano Medeiros, uma estrutura foi formada em socorro às vítimas. “Encaminhamos ambulâncias e reforçamos a estrutura do posto de saúde localizado no Distrito Industrial”. O secretário ainda reforçou que a demanda de atendimentos estava sob controle.
O prefeito da cidade, Adalberto Diamante, ainda não calculou os prejuízos da tragédia. Por telefone, ele informou que o local onde o fogo teria iniciado já é conhecido, mas a prioridade é apagar as chamas. “É nítido o local onde o fogo começou. Vamos notificar a propriedade depois, mas, agora temos que apagar esse fogo”.
Foram totalmente destruídas 20 casas e 10 indústrias, mas, como o fogo ainda não foi controlado, os números podem subir. Cabeças de gado das propriedades próximas também morreram. O número oficial ainda não foi divulgado. A concessionária de energia de Mato Grosso cortou o fornecimento de energia no Distrito Industrial, localizado a 2 quilômetros da cidade, e no vilarejo de Analândia. No local existem marcenarias, serrarias e laminadoras, além de colônias de moradores que são os proprietários desses estabelecimentos. A sede de Marcelândia também ficou sem luz por meia hora. O risco iminente de explosões na rede de energia motivou o desligamento.
A cidade que conta com pouco mais de 15 mil habitantes se mobilizou. O comércio fechou as portas e, em poucos minutos, muitos moradores se juntaram às equipes do Corpo de Bombeiros, Ibama e Polícia Militar formando um contingente de combate com mais de 100 homens. Um helicóptero do Centro Integrado de Operações Especiais (Ciopaer) fez sobrevoos na região e auxilia a cidade.
Mesmo em meio à tragédia, o município ficou impossibilitado de decretar estado de emergência. Sem contar formalmente com a Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec), órgão responsável por atestar estragos e riscos em situações de tragédia, o município ficou de mãos atadas. Segundo informações do major Paulo da Silva, coordenador da Gestão do Fogo da Defesa Civil, sem o Comdec, o decreto não será reconhecido. “Eles podem até decretar o estado de emergência, mas não será aceito”. Ainda no fechamento da reportagem, representantes da sociedade civil se preparavam para formar a comissão que, de forma emergencial, seria confirmada em decreto municipal. Estabelecido oficialmente, o órgão poderá solicitar recursos na Secretaria Nacional de Defesa Civil. Dos 141 municípios mato-grossenses, 20 ainda não possuem a referida comissão. Os desabrigados ficarão alojados de forma temporária no Salão Paroquial de Marcelândia. Outro município que decretou estado de emergência é Peixoto de Azevedo (691 quilômetros). A Defesa Civil já atua na situação.
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