Lideranças influentes no passado, Henry e Fabris agora são barrados
Eles já foram políticos tão prestigiados e influentes que um quase foi nomeado ministro do governo do presidente Lula e o outro presidiu a Assembleia Legislativa por dois anos e se tornou o todo poderoso nos governos Júlio e Jayme Campos. Agora, estão com registros indeferidos, são considerados fichas sujas e não podem disputar as eleições deste ano. Tratam-se do deputado federal Pedro Henry (PP) e do estadual Gilmar Fabris (DEM). Ambos são polêmicos, não têm papas na língua, se envolveram em escândalos e confusões.
Henry é médico-anestesista e mora em Cáceres, cidade-pólo do Oeste mato-grossense. É tido como o cacique político da região. Está no quarto mandato. Fabris é pecuarista. Possui fazenda em Pedra Preta, vizinha a Rondonópolis, pólo da região Sul. Ele exerce o terceiro mandato. No caso de Henry, ele conseguiu salvar o mandato em meio à acusação de envolvimento no mensalão, escândalo que quase derrubou o governo do presidente Lula em 2005, e ainda na chamada máfia das sanguessugas, esquema de superfaturamento na compra de ambulâncias para prefeituras a partir de emendas parlamentares. Enfrentou até CPI e foi absolvido pelo plenário da Câmara. Agora, perdeu o mandato, a partir de uma representação do MPE junto ao TRE. Foi acusado de comprar votos em Cuiabá em sua campanha à reeleição em 2006. Se não conseguir êxito no embargo de declaração junto ao TSE, ficará impedido de disputar o quinto mandato.
Pedro Henry iniciou carreira na vida pública como vice-prefeito de Cáceres, pelo PPS, em 1992. Depois foi diretor-administrativo da Sanemat. Elegeu-se deputado federal pelo PDT, em 1996. Em 1998, foi eleito novamente pela Câmara, desta vez pelo PSDB. Seu terceiro mandato veio em 2002, pelo PPB (atual PP), quando teve 120.840 votos, até então o mais votado da história da bancada federal mato-grossense. Depois, mesmo enfrentando uma série de denúncias, se reelegeu com 73.312. Também foi filiado ao PTB, de 1989 a 1991, mas não exerceu mandato eletivo pelo partido. Chegou a assumir a liderança da bancada do PP na Câmara. Tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e foi até convidado pelo presidente Lula para assumir Ministério. Divergências internas e briga com o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, impediram-no de integrar o primeiro escalão do Executivo.
Fabris e polêmicas
Ex-vereador por Rondonópolis (89/92), Gilmar Fabris ganhou espaço na política com a força do seu padrinho Júlio Campos, desde o período em que este foi governador (83/86). Com aval dos Campos, assumiu a presidência da Assembleia de 95 a 96. Lançou a pedra fundamental da obra da sede própria do Legislativo, inicialmente orçada em R$ 30 milhões. Logo no começo, a obra acabou embargada por suspeita de superfaturamento. O prédio foi inaugurada uma década depois.
Fabris é daqueles que não levam desaforo para casa. Toda vez que subia à tribuna, principalmente quando era presidente, o clima ficava tenso. O deputado se envolveu em tanta confusão que até uma urna de lona usada nas eleições no passado foi encontrada em sua fazenda. Ele alegou que fora um presente que recebera. Fabris é um dos poucos parlamentares com coragem de vir a público defender o ex-policial civil, "comendador" João Arcanjo Ribeiro, preso por ligação com o crime organizado. Até hoje tem contato com o amigo.
Eleito com 20.057 votos em 2006, após dois mandatos na suplência, Fabris é considerado um coronel político. Costuma endossar o discurso com expressões pejorativas, em tom agressivo e intimidador. Enfrentou vários embates na AL. Em 2004, numa discussão sobre greve dos profissionais da educação com a então deputada Vera Araújo, ele amedrontou a petista. Lembrou que quando presidia a AL presenciou discussões acirradas e até agressão física na galeria: "Isso aqui é igual luta de boxe. E não adianta! Cada um tenta acertar ... é no rim, é no estômago e ... assim vai até Ã lona!."
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