Sindicato das Indústrias Frigoríficas aponta dificuldades em MT
Após um período de expansão na atual década, os frigoríficos mato-grossenses enfrentam inúmeras adversidades, especialmente após a crise financeira mundial que gerou escassez de crédito e elevação dos preços da arroba do boi gordo. Esses movimentos marcaram nos últimos anos um potente setor do agronegócio mato-grossense, mas que agora se vê abatido na crise, especialmente as empresas pegas no contrapé após realizarem pesados investimentos.
Luiz Freitas Martins, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), conta que o momento é de extrema dificuldade para o setor devido às questões mercadológicas – preços altos para o pecuarista e baixos para a indústria – e ambientais, onde órgãos como Sema, Ibama, Ministério da Agricultura, Secretaria de Fazenda e Ministério Público (MP) exercem forte pressão sobre o setor. “As empresas vivem sob severa fiscalização dos órgãos ambientais e não trabalham de forma tranqüila. Por isso muitas [plantas] acabam fechando as portas ou entrando em recuperação judicial”.
Na região de Juara, por exemplo, o Ministério Público (MP) impôs uma série de exigências para que uma indústria frigorífica fizesse grandes investimentos. As exigências são com relação às regras ambientais. Ano passado, a empresa se obrigou a investir cerca de R$ 700 mil para atender às adequações.
A situação deixa o segmento em xeque, a ponto de alguns grupos estarem mais preocupados com sua própria recuperação, como é o caso do Arantes, Independência e Frialto, e outros que antes só pensavam em crescimento agora estão optando por corte de custos e melhoria da eficiência. “A situação está bem complicada. No caso dos frigoríficos, um setor que historicamente trabalha bastante alavancado, com expressiva geração de impostos e empregos, acho que o cenário vai continuar bastante difícil, principalmente para os pequenos", afirma o analista Rafael Cintra.
VACAS - Antes da crise de crédito, o setor já enfrentava preços recordes da matéria-prima, não apenas pela maior procura, mas em função de o Estado atravessar um momento de baixa oferta de animais do ciclo pecuário após um período de matança indiscriminada de matrizes por parte dos pecuaristas.
Embora tenha recuado das cotações máximas de mais de R$ 90 registradas em 2008, o valor da arroba do boi ainda permanece elevado e com oferta reduzida, em torno de R$ 75 no Estado. Ao mesmo tempo, por conta da menor demanda pós-crise, os preços da carne para os frigoríficos estão caindo nos mercados interno e externo, reduzindo as margens das indústrias e deixando menos competitivo o produto brasileiro no exterior.
Por isso, segundo os analistas, não apenas as empresas menores vêm sofrendo com a crise. Um exemplo clássico de como a crise atingiu o setor se verifica no Arantes Alimentos, frigorífico com capacidade de abate de 4 mil cabeças de gado por dia. O grupo fez dívidas antes da crise, diversificando suas operações para frangos e embutidos e acabou entrando em recuperação judicial após ser atingido por todos problemas advindos da escassez de crédito internacional.
Em Mato Grosso, para se ter uma idéia de como a crise abalou o setor, 19 frigoríficos estão com suas atividades paralisadas, sendo que 14 fecharam as portas devido às dificuldades financeiras e outros cinco, que já estavam parados, continuam sem operar. Além disso, segundo Freitas Martins, a maioria das plantas está trabalhando com capacidade ociosa elevada e custos financeiros elevados, o que poderá levar outras empresas – as menos estruturadas - a abandonar o mercado.
Comentários