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Pesquisa leva diversificação de culturas em áreas de arroz
Hoje com pesquisas focadas no cultivo do cereal, o professor da Faculdade de Agronomia da UFSM e doutor em Fitotecnia pela Esaq/USP acredita que a academia tem muito a acrescentar ao desenvolvimento do trabalho no campo, mas também destaca a importância de ouvir o agricultor, “aquele que está todos os dias lidando com a chuva, o frio, as dificuldades no campo”.
Seus projetos buscam desenvolver técnicas sustentáveis, que diminuam a poluição dos mananciais por produtos utilizados no combate às pragas que assolam as lavouras, e diversificar as culturas das áreas de várzea utilizadas para o plantio de arroz. Com projetos de pesquisa ligados à rotação de culturas, à integração da lavoura e produção animal em várzea e aos aspectos ambientais e toxicológicos de agrotóxicos em águas e em peixes em lavouras de arroz e rios, o agrônomo destaca que buscou “estudar a cultura por ter tido que enfrentar desafios junto com a família e por acreditar no seu desenvolvimento no Estado”.
A orizicultura, atividade disseminada em cerca de 20% do território gaúcho, ainda tem de lidar com dificuldades ligadas à sustentabilidade, mas, conforme Marchesan, está muito bem no que diz respeito à preocupação ambiental. “Ainda precisamos minimizar a contaminação da água por pesticidas utilizados na plantação e aumentar a qualidade dos produtos provenientes das culturas alternativas, porém, já avançamos muito”, pontua. Conforme Marchesan, a rotação de culturas nas lavouras de arroz, com a criação de bovinos em várzea e a plantação de soja e milho, ainda pode ser aperfeiçoada, mas representa um avanço nas pesquisas de diversificação da renda dos produtores e manutenção da qualidade do solo. “O produtor que investe apenas no arroz se torna vulnerável às intempéries e às baixas no preço do produto, por isso no Rio Grande do Sul a plantação conjunta de soja e milho é uma solução ambientalmente correta e eficaz”, enfatiza. Além destas, outra cultura menos utilizada nas plantações também é objeto de estudo dos grupos liderados pelo estudioso dentro da UFSM. “A rizipiscicultura (criação de peixes em áreas alagadas) é muito difícil de ser aplicada, pois ainda não sabemos se o peixe terá um valor atraente ao mercado, se ele realmente não será contaminado pelos produtos utilizados na plantação. Mas estamos trabalhando para aperfeiçoá-la e é estudando que evoluímos”, adverte. Marchesan acredita que a rotação é a melhor maneira de atender às três frentes envolvidas no cultivo do alimento: meio ambiente, bem-estar do produtor e satisfação do consumidor.
Descobertas precisam chegar ao produtor
Desde cedo convivendo com o dia a dia no campo e, mais tarde, vendo o quanto a academia pode contribuir para o desenvolvimento da cultura do arroz, Marchesan notou a necessidade de expandir os projetos para fora dos muros da universidade. “Sempre buscamos mais do que elaborar trabalhos científicos. É preciso entrar em contato com os rizicultores”, afirma.
Conforme Marchesan, uma preocupação constante dos grupos de pesquisa é manter o contato com os produtores, levá-los à universidade para conversar com os estudantes e apresentar novas tecnologias. Os grupos de trabalho também visitam as propriedades próximas à universidade, avaliam a produção e tentam dar sugestões aos produtores para otimizar os processos. “Temos a sorte de contar com um amplo espaço para testes dentro do campus, mas nada substitui o contato direto”, frisa.
A fim de aperfeiçoar os testes feitos dentro da UFSM, existe também a preocupação em atrair pesquisadores e professores especialistas de outras áreas. “No caso das pesquisas voltadas à criação de bovinos, por exemplo, procuramos especialistas na criação de gado bovino e buscamos entender como é possível tornar o solo próprio para a criação do animal”.
E é assim, com os olhos voltados para a universidade sem deixar de lado a realidade do produtor, que o professor cria projetos que aliam responsabilidade ambiental e qualidade dos produtos que Enio Marchesan desenvolve e contribui para o desenvolvimento da cadeia do arroz no Rio Grande do Sul. “Apenas olhando a cadeia como um todo e respeitando os conceitos de responsabilidade social podemos desenvolver não só a cadeia do arroz, mas a agricultura gaúcha”, finaliza.
Fonte:
Do jornal do comércio
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