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Cidades/Geral
Sexta - 06 de Agosto de 2010 às 08:30
Por: Dhiego Maia

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Mato Grosso é o quarto estado no Brasil que menos descarta córneas. Com índice de descarte entre 27% e 29%, o Estado só fica atrás de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Pará, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

De um universo de 166 córneas captadas ano passado, o Estado transplantou 117 e descartou 49 gerando índice de 29% de descarte. A marca ficou bem abaixo do Ceará, por exemplo, que lidera o ranking. Dados da Agência apontaram que o estado nordestino jogou no lixo 81% do tecido captado em função de problemas de baixa qualidade da córnea.

A classificação dada ao tecido como imprópria para transplante se deve à sorologia do doador. Pessoas com hepatite B e C, além dos portadores do vírus HIV, não podem doar. De acordo com o Banco de Olhos de Mato Grosso, o problema que mais impede a doação no Estado está relacionado à presença do antígeno da hepatite. Não há números regionalizados, mas o Ministério da Saúde calcula que o Brasil possui 96.044 casos de hepatite B.

Se não bastasse a logística já complicada para a realização do procedimento, por falta de alvará sanitário, Mato Grosso ficou impedido de efetuar transplantes do tecido por um ano. O credenciamento de uma unidade de saúde só saiu em abril. De lá para cá, o Estado efetuou apenas 14 transplantes com a maior parte das córneas advinda de outros estados, já que também não podia fazer a captação do tecido. O imbróglio só foi resolvido no dia 14 de julho, quando o Ministério da Saúde credenciou o Banco de Olhos do Estado.

Se a eficiência no baixo descarte já foi comprovada, a Central Estadual de Transplantes precisa tirar da lista de espera outras 342 pessoas que ainda aguardam voltar a enxergar a vida com outros olhos. “Nós só captamos a córnea que não possui nenhuma contra-indicação”, revela a coordenadora do órgão, Fátima Melo.

A agilidade também se deve a uma parceria com o Instituto Médico Legal (IML). Vítimas de mortes violentas são as principais fontes do tecido. “A qualidade dessas córneas é bem superior que a de pessoas em hospitais, que podem estar com infecção”, revela. A córnea transplantada pode corrigir a perda de visão causada por traumas, queimaduras, herpes, distrofias, entre outros.

DEFICIÊNCIAS - Mato Grosso começou efetivamente a realizar transplantes há seis anos. Atualmente, só está apto a transplantar córneas. Pessoas que precisam de rim, pulmão, coração, fígado e medula óssea estão sendo transferidas para outros estados. Isso já ocorreu com 162 pacientes. Entre as deficiências, o Estado necessita de especialistas e hospitais que atendam às exigências do Ministério da Saúde. Só à espera do rim existem 642 mato-grossenses. Para dirimir o problema, o Estado planeja enviar 10 profissionais para capacitação em transplantes em outros estados. Uma equipe especializada em transplante de fígado ainda tenta credenciamento. 





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