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Internacional
Terça - 03 de Agosto de 2010 às 12:52

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As piores enchentes já registradas no Paquistão devastaram as vidas de mais de 3 milhões de pessoas até agora, disse um porta-voz da ONU na terça-feira, e a indignação com a reação do governo à crise está se alastrando.

A catástrofe, que começou há quase uma semana e já matou ao menos 1.500 pessoas no noroeste do país, ainda deve se agravar, porque há previsão de mais chuvas, além de existir risco de epidemias.

  Saood Rehman/Efe  
Em Khyber-Pakhtunkhwa, crianças observam casas destruídas pelas chuvas que já afetam 3,2 milhões
Em Khyber-Pakhtunkhwa, crianças observam casas destruídas pelas chuvas que já afetam 3 milhões



As Províncias do Punjab --que abriga um grande número de fazendas, fornece a maior parte dos alimentos à nação e é a mais populosa do Paquistão-- além de Layyah, Taunsa Sharif, Rajan Pur, Dera Ghazi Khan e outras áreas já estão totalmente alagadas, além da região de Khyber-Pakhtunkhwa, a mais devastada até agora.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) teme pela eclosão de epidemias como a cólera, disse Fadela Chaib, uma porta-voz do órgão em Genebra, na Suíça, alertando que ao menos cem mil desabrigados estão em risco iminente de contrair a doença e alertando para a necessidade urgente de água potável em certas áreas mais atingidas.

As autoridades esperam que o número de vítimas aumente, já que a previsão do tempo é de mais chuvas fortes como as que atingiram o local na semana passada.

Segundo fontes oficiais, mais de 29.500 casas foram danificadas e uma estrada importante de ligação com a China foi bloqueada pela enchente.

Autoridades dizem que ainda é muito cedo para estimar os estragos causados na economia, mas que a região mais afetada é o principal centro agrícola em Punjab.

"Toda a infraestrutura construída nos últimos 50 anos foi destruída", disse Adnan Khan, porta-voz da autoridade local para desastres de Khyber-Pakhtunkhwa.

DESAFIOS

Em um momento em que o governo precisa enfrentar múltiplos desafios --do combate ao Taleban à crônica falta de energia elétrica-- as autoridades têm dificuldades para ajudar as vítimas das inundações. Muita gente perdeu tudo e diz não ter sido alertada sobre o avanço das águas.

  Efe  
Moradores abandonam casas; a 3ª maior represa do país pode romper e governo fala em "retirada à força"
Moradores abandonam casas após inundações; muita gente perdeu tudo e diz não ter recebido alerta



A raiva toma conta da população em cidades como Charssada. Um repórter da Reuters viu pessoas atacando caminhões que distribuíam ajuda. A polícia as dispersou com cassetetes.

Bistma Bibi, de 65 anos, que perdeu dois netos nas inundações, acusou os agentes da defesa civil estadual de só ajudarem seus amigos e parentes. "Cheguei aqui às 5h da manhã, fiz o melhor que eu pude. Implorei e briguei, mas não consegui nada. Eles estão dando (os mantimentos) à sua gente", queixou-se a mulher.

Abdul Sami Malik, porta-voz do Unicef, disse à Reuters que, entre mais de 3 milhões de pessoas afetadas, 1,3 milhão sofreram um impacto severo, perdendo suas casas e seus meios de subsistência.

AJUDA

Entidades islâmicas, algumas delas suspeitas de ligação com militantes, intervieram para fornecer ajuda, pressionando o governo a demonstrar que consegue controlar a situação.

"Desde que a enchente atingiu a nossa área, não vi nenhuma comida nem pacotes de auxílio do governo. Seus escritórios foram levados pela água ou danificados", disse o professor Yar Mohammad, que esperava para cruzar uma ponte improvisada sobre um rio no vale do Swat.

Os grupos islâmicos tiveram um papel importante nas atividades de auxílio à população depois do terremoto de 2005 na Caxemira, que matou 75 mil pessoas. 






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