Rio Cuiabá já tem saldo de 20 vítimas de afogamento
Histórias de afogamento nos rios de Mato Grosso não param de se multiplicar. Só nos sete primeiros meses deste ano, 20 pessoas perderam a vida no rio Cuiabá. A média é levemente inferior em relação a 2009, quando 45 pessoas morreram vítimas de afogamento em todo ano. Mas levanta alerta em torno do banho descuidado nos rios do Estado. Pelo interior, a situação é ainda pior. O Corpo de Bombeiros contabilizou 70 mortos em 2009.
Entra ano, sai outro, o perfil da vítima não muda. Jovens em idade adulta, sexo masculino e sem muito conhecimento do rio predominam no topo das estatísticas. O caso mais recente ainda aguarda desfecho. Com apenas 19 anos, o corpo de Jones Ferreira, é procurado por seis mergulhadores especializados em operações nas águas turvas do rio Cuiabá.
Na tarde deste último domingo, o rapaz, acompanhado de um grupo de amigos, tomava banho nos fundos do bairro Vitória Régia, na periferia de Várzea Grande. Ao tentar atravessar o rio de uma margem à outra, o rapaz não resistiu e se afogou na metade do percurso. Pescadores e os amigos do rapaz tentaram fazer o resgate, mas não chegaram a tempo, pois o corpo dele já havia desaparecido no fundo do rio.
Testemunha do afogamento, Patrícia de Campos Lima, 21, relatou à reportagem que o rio Cuiabá naquela localidade é cheio de correnteza e que apenas pessoas experientes conseguem atravessá-lo. “Ele já chegou a atravessar o rio uma vez a nado, mas ele não conhecia o rio de verdade”, testifica.
Quem teve a mesma sina foi o ribeirinho Sebastião Xavier Taques da Silva, 54. Acostumado a percorrer o rio nas proximidades do município de Barão de Melgaço (cidade distante a 109 quilômetros de Cuiabá), Sebastião caiu de uma canoa na tarde deste último sábado e só foi encontrado na manhã de domingo sem vida por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
O rio Cuiabá, como muitos outros espalhados Mato Grosso afora, possui pontos em que o banho se torna inapropriado devido a fatores de periculosidade, como correnteza, presença de poços profundos, águas turvas, entre outros. No rio que dá nome à capital do Estado dois pontos merecem atenção. Na Passagem da Conceição – com fluxo intenso de turistas -, o perigo, segundo mapeamento do Corpo de Bombeiros está na quantidade excessiva de poços. Já nas proximidades de Santo Antônio de Leverger, as correntezas são empecilho para um banho seguro.
O Corpo de Bombeiros conta com 100 mergulhadores especializados em resgate nas 17 unidades do Estado. Pelas distâncias de uma cidade a outra, pelo menos na Baixada Cuiabana, o órgão não consegue efetuar serviços de emergência quando acionado para solucionar casos de desaparecimentos de pessoas em rios. “Quando há uma ocorrência nós só deslocamos para resgatar o corpo porque não dá tempo para encontrarmos a pessoa com vida. Um afogamento pode acontecer em questão de segundos”, confirma o major Martins.
PREVENÇÃO - Para conter as más estatísticas de vítimas fatais decorrentes de afogamentos, o Corpo de Bombeiros aposta na prevenção. O órgão mantém todos os finais de semana, uma equipe com cinco bombeiros na Passagem da Conceição. No local, os profissionais fazem varreduras ao longo do rio Cuiabá e na comunidade promove palestras. Mesmo assim, ainda é verificado que banhistas consomem bebida alcoólica ao mesmo tempo em que se divertem no rio. “Isso é um problema que observamos em muitos casos. Muitas pessoas acabam se afogando por conta disso”, aponta Martins. Além de conhecer o local do banho, as crianças nunca devem estar desacompanhadas dos pais ou responsáveis.
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