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Economia
Segunda - 02 de Agosto de 2010 às 07:29
Por: Fábio Gallo

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Comprei ações da Petrobrás em 2000 com o FGTS e neste ano a cotação dos papéis já caiu 25%. Estou preocupado. Com a possível capitalização devo subscrever mais ações?
A decisão de resgatar ou não depende da estratégia elaborada para gestão de sua carteira, que também depende de seu grau de aversão a risco. Os fundos mútuos de privatização FGTS Petrobrás iniciaram suas operações a partir de 4 de julho de 2000. Consultando a evolução de preços da PETR4 verifica-se que de julho de 2000 até hoje há rentabilidade próxima a 523%. Mesmo considerando-se que nos fundos há incidência de taxas de administração que vão de 0,8% até 4%, ainda sobra um bom rendimento, principalmente se compararmos ao rendimento do FGTS que é de 3% ao ano mais variação da taxa referencial (TR - a mesma da poupança). Tecnicamente é esperada uma queda de preços das ações no momento da capitalização, mas devemos lembrar que investir em renda variável é sempre na perspectiva de longo prazo.

 

Invisto em ações, acompanho diariamente os índices do mercado e tenho algum conhecimento de análise gráfica. Eu gostaria de trabalhar nessa área. Existe algum curso profissional para quem quer trabalhar com compra e venda de ações e consultoria de investimentos para pessoas? Também quero saber como faço para me tornar um agente autônomo.

Existem vários cursos bons que preparam profissionais para a área de renda variável. O Instituto Educacional da Bovespa mantém programas, desde curta até longa duração, dedicados a essa área. Outras associações de mercado como a Febraban e a Apimec também mantêm áreas educacionais com cursos especializados. O importante é que você busque uma formação sólida no campo de finanças, com vários cursos de formação e especialização na área. Para se tornar um agente autônomo é necessário ser aprovado em um exame e então obter a certificação da Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancor). Este exame pressupõe conhecimentos sólidos em economia, sistema financeiro, mercado de capitais, mercado financeiro, derivativos, ética.

Estou desempregado e com dificuldade de conseguir novo emprego devido a idade elevada. Sou casado e com filho em idade escolar. Vivemos do que tínhamos guardado e da boa quantia que recebi do FGTS. Não posso me aposentar e não tenho previdência privada. A parte dos recursos que não mexo, mantenho aplicado em CDB e outra parte (que faço saques) deixo na poupança. Não posso correr risco algum. Minha carteira de investimentos está correta ou há opção melhor?

Você está certo em não correr riscos exagerados. Sempre se deve considerar duas variáveis antes de decidir qual investimento fazer. A primeira diz respeito à importância dos recursos para sua vida e a outra é o prazo disponível para aplicação. No seu caso fica claro que o dinheiro aplicado é de extrema importância. Por outro lado, uma parte das suas aplicações tem a perspectiva de curto prazo, pois a utilização é no seu dia a dia. Deve ser lembrado, ainda, que em aplicações de renda fixa como CDB e caderneta de poupança o valor garantido contra risco de quebra da instituição financeira é de até o máximo R$ 60 mil. Uma alternativa possível para parte de suas aplicações de longo prazo é o Tesouro Direto. Isto significa investir em títulos do governo com muito baixo risco e com uma rentabilidade interessante, dado o nível de juros praticados no Brasil.

Na coluna do dia 12 de julho, o sr., diz que as LTNs e as NTN-Fs são menos conservadoras. Fiquei confuso. Uma aplicação com juros prefixados pode ser mais agressiva e ter menor risco do que uma aplicação pós-fixada? Já que essas últimas usam um indicador (que varia conforme as semanas, dados os acontecimentos mundiais, notícias, ânimo, especulação, dinamismo) como benchmark para depois definir o ganho sobre as aplicações nelas atreladas?

As LTN e NTN-F são títulos públicos prefixados. Isto significa que o investidor conhece no ato da compra a rentabilidade oferecida (taxa fixa). Em outros termos, você sabe antecipadamente quanto dinheiro vai ganhar nessa aplicação. O problema potencial é que a inflação do período de sua aplicação pode ser tão alta a ponto de "comer" todo o ganho realizado. Ou seja, o seu ganho líquido pode ser negativo. Pelo lado das LFTs e NTN-B e C, que são títulos pós-fixados, uma parte da rentabilidade é fixa e outra é variável dependente da taxa básica de juros Selic ou de um índice, como o IGP-M ou o IPCA. Títulos pós-fixados pagam taxa de juros e ainda buscam garantir a queda do poder de compra da moeda. Assim, quem investe em títulos prefixados aposta numa taxa fixa que pague a volatilidade de preços e ainda tenha um ganho real. Mas isto tem um grau de risco. Por isso que dizemos que as LFTs e NTN-F são indicadas para investidores menos conservadores.

FÁBIO GALLO É PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV E DA PUC-SP 






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