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Economia
Segunda - 02 de Agosto de 2010 às 07:23
Por: Roberta Scrivano

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Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 4,84%. Os bens e serviços que tiveram as maiores elevações de preço foram justamente os mais importantes para a população: alimentos, bebidas e educação. E no seu orçamento, o que está inflacionado? Uma cartilha do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ensina como calcular a inflação no orçamento familiar.

 

A postura ativa em relação ao orçamento, segundo especialistas em finanças pessoais, é relevante para detectar os gastos que mais crescem, reequilibrá-los e, consequentemente, iniciar ou aumentar a poupança.

"Primeiro, é preciso anotar os gastos. Quanto mais destrinchados, melhor", explica Eulina Nunes dos Santos, da diretoria de Pesquisas do IBGE. Ela reforça que, quanto mais detalhado, melhor será o resultado do cálculo.

Isso quer dizer que o ideal é anotar o quanto de leite (em litros e em reais), de carne (em gramas e em reais), entre outros itens, em vez de incluir tudo no quesito "supermercado".

Registrar o nome dos estabelecimentos em que os itens foram comprados também é importante. "Assim, é mais fácil comparar ao longo do tempo as ofertas de preços e identificar os estabelecimentos melhores para comprar cada coisa", completa Eulina.

A diretora do IBGE diz que, embora o total das despesas em determinada data seja uma informação importante, o que mais interessa, assim como no cálculo macro da inflação, é descobrir em quanto varia esse valor entre dois momentos distintos.

"A variação porcentual do valor da cesta familiar é exatamente o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que, ao mesmo tempo, dará o resultado do custo de vida da sua família."

A economista explica ainda que, conhecida essa variação, outra informação que o consumidor encontrará com precisão é em quanto a renda mensal deve ser aumentada para acompanhar a evolução dos preços no decorrer do tempo.

Peso de cada item. Luiz Carlos Ewald, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e autor do livro "Sobrou dinheiro, lições de economia doméstica", salienta que é importante o cálculo da inflação familiar, mas considera o interesse algo "muito requintado". "Não há essa cultura no Brasil. Nos Estados Unidos, é comum", diz.

Para Eduardo Velho, economista da Prosper Corretora, são três os fatores que devem estimular as famílias a colocar os gastos no papel e depois calcular a inflação.

O primeiro é o incentivo à educação financeira, causado naturalmente com a simples anotação dos gastos. "A família passa a dar valor ao dinheiro", diz. O segundo é a ciência da despesa. "Desperta a percepção de que dá pra gastar melhor", sugere. Em terceiro lugar, está a possibilidade de fazer comparações entre os gastos e os ganhos reais. "A consequência disso tudo será conseguir guardar dinheiro para depois investir. É uma cadeia", completa o economista.

Ewald, da FGV, diz que, em sua opinião, o que mais importa nesse cálculo não é ver a variação dos preços de um período para o outro, mas detectar o peso de cada item no orçamento. "Digamos que o gasto com celular seja equivalente a 6% das despesas mensais. Pronto. Aí está um exagero que pode ser cortado", explica.

Outro exemplo dado pelo professor da FGV se refere à evolução do peso de um determinado produto no orçamento. "Se você percebe que o leite em pó está ficando mais caro e aumentando significativamente a participação no orçamento familiar, é hora de pensar em, por exemplo, em trocar para o leite em caixinha ou procurar produtos similares", exemplifica Ewald.






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