Câmara do CRM cassa registro de Roger Abdelmassih
O CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo cassou o registro profissional do médico Roger Abdelmassih, acusado formalmente pelo estupro de 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele.
A decisão foi tomada pela câmara do CRM, em primeira instância. A Folha apurou que o caso ainda será enviado para discussão no plenário, formado por 42 conselheiros.
Fred Chalub/Folha Imagem |
Abdelmassih tem registro médico cassado após mais de pacientes o acusarem de abuso sexual; ele já tinha solicitado cancelamento |
Se o plenário mantiver a decisão da câmara, o processo é encaminhado para o Conselho Federal de Medicina, que também avalia os resultados. A decisão só é válida após a publicação no "Diário Oficial da União".
No mês passado, o médico protocolou um documento pedindo o cancelamento do registro no CRM, mas o pedido foi negado. Com isso, o processo de cassação do registro de Abdelmassih, que já estava em andamento, continuou em tramitação.
A justificativa do conselho é que não se pode cancelar registro de médicos que estão com processos em andamento. Por enquanto, Abdelmassih está interditado cautelarmente --não pode exercer a profissão.
Abdelmassih é um dos maiores especialistas em reprodução humana do país. Após as acusações, o CRM instaurou 51 processos para investigar o médico.
A assessoria de imprensa do CRM disse que não pode passar informações sobre processos em andamento. Afirmou também que, formalmente, ainda não há decisão definitiva no processo.
OUTRO LADO
O advogado do médico, José Luís de Oliveira Lima, afirmou que vai recorrer da decisão do Cremesp.
"Se o Roger pede para ser excluído do conselho e, portanto, já não se considera mais médico, como ele pode ser julgado pelo conselho?"
ACUSAÇÕES
Abdelmassih é acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Em geral, as mulheres o acusam de tentar beijá-las ou acariciá-las quando estavam sozinhas --sem o marido ou a enfermeira presente. Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação.
Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que vem sendo atacado há aproximadamente dois anos por um "movimento de ressentimentos vingativos".
Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol, usado durante o tratamento de fertilização in vitro. De acordo com ele, as pacientes podem "acordar e imaginar coisas".
Segundo sua defesa, o médico nunca fica sozinho com suas pacientes na clínica, estando sempre acompanhado por uma enfermeira.
Comentários