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Agronegócios
Quinta - 29 de Julho de 2010 às 05:33
Por: Marianna Peres

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Soja: Se a safra 10/11 fosse cultivada hoje no Estado, ela teria um custo de produção quase 5% menos em relação a 09/10
Soja: Se a safra 10/11 fosse cultivada hoje no Estado, ela teria um custo de produção quase 5% menos em relação a 09/10

A desvalorização do dólar e a baixa demanda neste período por insumos, principalmente os defensivos, explicam as estimativas de um custo de produção menor no Estado para a sojicultura 10/11 que começa a ganhar hectares a partir da segunda quinzena de setembro. Conforme números divulgados ontem, em Cuiabá, a nova safra, se fosse cultivada hoje, ficaria 4,26% mais barata em relação ao valor efetivado na temporada passada.

Como mostra o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) – o custo total de produção calculado em julho será de cerca de R$ 1,43 mil, valor médio considerando valores de cada uma das cinco regiões aferidas pelo Imea. Essa média em comparação ao valor efetivado na safra 09/10, de R$ 1,5 mil, revela queda de 4,26%. Já a queda comparada à estimativa de junho, com média de R$ 1,44 mil, é de 0,69%.

A desvalorização da taxa de câmbio explica em quase 100% a redução apurada nós últimos cinco meses pelo Imea. Na primeira estimativa de custos para a temporada 10/11, em março, o Instituto trabalhava com o dólar a R$ 1,84. Já em junho a taxa de câmbio passou para R$ 1,80 e em julho, R$ 1,77. A desvalorização da moeda que baliza todas as etapas de produção da soja acumula -3,80% entre março e julho deste ano. Ampliando a comparação para julho de 2009, a retração é ainda maior: 8,76%, já que a taxa considerada há um ano era de R$ 1,94.

O dólar mais acessível impacta diretamente nas cotações dos insumos utilizados para preparação das lavouras e isso reflete no custo total de plantio. Entre os meses de março e julho, primeira e última estimativas de custo, os fertilizantes acumulam retração de preços de 4,71%, com a tonelada saindo de R$ 403,14 (março) para R$ 384,38 neste mês, em Campo Verde (139 quilômetros ao sudeste de Cuiabá), região que responsável pelo maior desembolso por safra de soja no Estado. O item insumos, que engloba além dos fertilizantes, sementes e defensivos, passou no mesmo período de R$ 852,13 para R$ 807,77, redução de 5,28%.

Como observa o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, apesar do custo se mostrar menor nas estimativas, a conta da nova safra não fecha. “Ainda não há nenhum número determinante, mas as primeiras impressões revelam que a safra 10/11 terá uma das menores rentabilidades dos últimos anos e em muitos casos a conta se mostra negativa. Essa redução influenciada pelo dólar é relativa e não isenta a nova safra de novo desequilíbrio entre receita e despesa. Infelizmente, os números não tornam a safra nova atrativa”.

Celidônio observa ainda que a maior parte dos defensivos já foi adquirida e que a redução sobre a demanda por insumos também explica o recuo na contabilização, mesmo com o dólar sendo quase 100% responsável pelas estimativas.

APROSOJA – Conforme a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) o principal sinal de que a safra não é atrativa é a projeção de retração de 2% na área plantada que passará de 6,2 milhões de hectares para 6,09 milhões ha. Mas o que é determinante mesmo é falta de margem de renda para mais um ciclo em Mato Grosso. No ciclo 07/08, por exemplo, a rentabilidade da safra de soja chegou a R$ 108 ha. Na safra seguinte o lucro despencou para R$ 59/ha e, na safra 09/10, continuou caindo, agora para R$ 46. Para a nova temporada a Aprosoja/MT tem estimativa pior: margem negativa de R$ 102,88 ha.

CRITÉRIOS – Nas estimativas de custo de produção o Imea vem considerando plantio convencional e transgênico, expectativa de produtividade de 52 sacas/ha e a única variação para o cálculo refere-se a taxa de câmbio.

Conforme números, a base de julho apresentada ontem, as regiões de Campo Verde e Canarana, terão cultivo transgênico na nova temporada, sendo a primeira com o maior custo de produção para o Estado, R$ 1,51 mil. Em Canarana a estimativa é de R$ 1,41 mil e nas cidades de Diamantino, Sapezal e Sorriso, que representam respectivamente o centro-sul, oeste e médio norte do Estado, as estimativas apontam para desembolsos de R$ 1,36 mil, R$ 1,47 mil e R$ 1,41 mil.






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