Henry e Riva enfrentam drama pela sobrevivência na política
Pedro Henry e José Riva, caciques do PP, enfrentam um verdadeiro drama pela sobrevivência na vida pública. Eles enfrentaram investigações com maior repercussão, inclusive em âmbito nacional, e conseguiram superá-las, mas acabaram caindo a partir de denúncias sobre as quais a opinião pública e nem os próprios acusados esperavam tamanhas consequências. Processos sobre compra de votos nas eleições de 2006 resultaram em punição aos dois. Hoje no terceiro mandato de deputado federal, Henry foi condenado pelo TRE à inelegibilidade por causa de negociação de voto por remédio num posto de saúde em Cuiabá. Riva, no quarto mandato na Assembleia, viu sua situação se complicar, com a cassação, também por causa de esquema de compra de voto por parte de um vereador em Santo Antonio de Leverger, usando o nome do parlamentar.
De um lado, Henry e Riva são exímios articuladores políticos, conseguem "arrebanhar" lideranças locais, principalmente prefeitos e vereadores e contam com base sólida, tanto que vêm conseguindo a reeleição com votações expressivas. De outro, tiveram os nomes envolvidos em escândalo. O deputado quase foi cassado por causa de suposta ligação nos esquemas do mensalão e da sanguessuga. Riva também passou apurado com os escândalos que estouraram sobre a Mesa Diretora da Assembleia, principalmente entre 2002 e 2003, com denúncias de desvios milionários do erário.
Neste período de campanha eleitoral, nenhum desses casos incomodam tanto os dois parlamentares quanto os processos sobre compra de votos. Presidente da Assembleia, Riva deve ser notificado até a próxima semana para deixar o cargo de deputado. Seus advogados asseguram que o progressista não está inelegível, portanto, pode disputar o pleito de 3 de outubro. Se não conseguir derrubar a decisão, Riva ficará ao menos seis meses fora dos quadros de parlamentares.
Embora alguns especialistas entendem que, mesmo que consigam êxito nos embates jurídicos, Henry e Riva podem ser impedidos de disputar nova eleição este ano por causa da lei da Ficha Limpa, outros ponderam que nem o próprio Tribunal Superior Eleitoral conseguiu estabelecer ainda regras mais claras e que, partindo desse pressuposto, ambos não correm risco de ficar de fora. Há campo para todas as teses.
Como Riva já protocolou pedido de registro de candidatura junto ao TRE e apresentou junto os documentos exigidos, inclusive a certidão de "não consta", não poderá mais ser prejudicado por uma decisão jurídica posterior, afinal, a documentação já consta no processo. Ademais, o TSE ainda não decidiu se a lei da Ficha Limpa deve retroagí-la. Há dúvida também se a condenação por inelegibilidade deva ser considerada como pena.
Se o Tribunal decidir que a lei retroage, ficarão impedidos de concorrer às eleições deste ano parlamentares já condenados por um colegiado, sendo eles Riva, Henry e os também estaduais Chica Nunes e Gilmar Fabris (ambos do DEM). Eles tiveram registro cassado pelo Pleno do TRE, mas recorrer ao TSE e se mantêm no cargo graças a liminar.São considerados articuladores, contam com boa base eleitoral, mas estão enrolados na Justiça e estão matando um leão por dia para se manterem na vida pública.
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