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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Segunda - 26 de Julho de 2010 às 01:06
Por: Marcy Monteiro Neto

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Passam bem os cerca de 280 trabalhadores que são mantidos em cárcere privado por índios de 11 etnias nas obras da Usina Hidrelétrica de Dardanelos, no município de Aripuanã (976 quilômetros de Cuiabá). De acordo com a Polícia Militar, os índios estão agindo de forma pacífica e aguardam uma reunião nesta segunda-feira para negociar com os representantes da empresa Águas de Pedra, responsável pela usina.

O capitão Taques, da Polícia Militar, disse à TV Centro América que o clima é aparentemente tranquilo. Ele confirmou que há cerca de 280 pessoas mantidas reféns por aproximadamente 200 índios. "Eles estão armados com arco e flecha. E dizem que vão chegar mais índios", frisou o capitão. Segundo ele, os reféns estão livres no canteiro de obras, mas os índios não permitem que eles deixem o local. "Estão em um pátio, no alojamento da obra, mas não podem sair".

Os índios devem se reunir na usina, por volta das 11h30 desta segunda-feira, com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Casa Civil e da própria empresa responsável pela obra. Os índios cobram uma compensação financeira pela construção da usina pois, segundo eles, as obras afetam social, economica e ambientalmente a comunidade indígena. "Estudos feitos apontam que estamos sofrendo com esse empreendimento", argumentou Audecir Arara, um dos líderes indígenas da região.

O capitão Taques frisou que vai manter uma ronda na região para monitorar os índios e os reféns. "Vamos aguardar a reunião e a negociação. Eles [os índios] deram três dias para negociar. Se nada for feito nesse prazo, eles prometem atear fogo nos alojamentos e maquinários".

Audecir Arara garante que o protesto é pacífico e não há riscos de conflitos. "Não tem risco [de conflito] porque eles sabem muito bem que a gente está brigando pelo que é de direito nosso".

Invasão e cárcere privado

No início da manhã, os índios invadiram o canteiro de obras da usina armados e pintados para guerra. Os trabalhadores, que não resistiram à invasão, foram levados para um alojamento e permanecem isolados.

Os índios araras e cintas largas exigem compensações financeiras pela obra da usina, pois dizem estar preocupados com a possibilidade de escassez de peixe e água quando a usina começar a funcionar. Segundo Audecir Arara, a compensação seria para as etnias Cinta Larga e Arara, pois são as duas que sofrerão os impactos das obras. "As outras etnias estão do nosso lado porque quando elas precisarem de apoio em outros problemas na área delas, nós vamos apoiar", justificou o líder indígena.

De acordo com o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, representantes do órgão e do Iphan em Brasília devem vir a Mato Grosso nesta segunda-feira para negociar com os índios. Aquino explica que a obra da hidrelétrica começou há cerca de três anos, em agosto de 2007. "Houve alguma falha no processo de licenciamento e a usina foi construída sobre um cemitério indígena. Os índios vêm negociando um ressarcimento", disse o coordenador.

Programa de ações

Paulo Rogério Novaes, gerente de Meio Ambiente da Águas da Pedra, empresa responsável pelo empreendimento, afirmou que a energética aguarda a aprovação de um programa de ações para a comunidade indígena. "A empresa jamais se negou a fazer algo pela comunidade, mas estamos aguardando um parecer da Funai, que está analisando estudos sobre o que é preciso fazer", explicou Novaes. Ele garante que o empreendimento, dentro da legislação ambiental, "está procurando fazer tudo o que é solicitado".

A Energética Águas de Pedra é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) controlada pela Neoenergia (51%) e que tem também como acionistas Eletronorte (24,5%) e Chesf (24,5%). A previsão da Águas da Pedra é que a hidrelétrica entre em operação daqui a seis meses - janeiro de 2011. Até a conclusão da obra, a empresa estima que os investimentos no local serão de R$ 745 milhões.

A energia gerada pela AHE Dardanelos será comercializada com o pool de 24 distribuidoras no Brasil, por meio de contratos de comercialização de energia celebrados no Ambiente de Contratação Regulado.





Fonte: TVCA

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