Mulheres que operam seios efrentam mais dificuldade para amamentar
Mulheres que se submeteram a cirurgias de redução ou de aumento de seios podem ter mais dificuldades na hora de amamentar. A operação para diminuir o volume dos seios tem impacto maior na função do aleitamento.
O dado é de uma pesquisa inédita da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Foram comparadas 74 mulheres que haviam acabado de dar à luz em um hospital particular de São Paulo.
Segundo os autores, até aqui, os estudos mostravam resultados controversos: alguns sugeriram que as plásticas prejudicam o aleitamento, outros, não.
Cirurgiões plásticos dizem que as técnicas mais modernas não atrapalham a amamentação, e que a nova pesquisa não levou em conta as diferentes técnicas.
As pacientes foram divididas em três grupos: as que haviam passado por cirurgia de aumento; as que fizeram redução de mamas e as que não haviam feito plástica.
Todas foram avaliadas até 72 horas após o parto, depois entre cinco e sete dias e, por último, ao final de um mês.
Ao término do período, a chance de a criança estar recebendo exclusivamente leite materno foi de 29% no grupo das que tinham passado por redução de mamas, 54% naquelas com próteses mamárias e 80% nos bebês das mulheres do grupo controle.
Embora todas estivessem amamentando nas primeiras horas, após 30 dias a amamentação exclusiva entre as mulheres com cirurgia foi muito menor, diz o artigo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
ALERTA
"Apesar do pequeno número de mulheres avaliadas, a diferença foi significativa e os resultados servem de alerta", diz Ana Cristina Abrão, professora do departamento de enfermagem da Unifesp e uma das líderes do trabalho.
"As dificuldades na amamentação foram uma surpresa para as próprias mães, que relatam não ter sido avisadas desse risco na hora da cirurgia", conta a pesquisadora.
Segundo ela, a complementação com leite artificial já no primeiro mês eleva a chance de desmame precoce.
De acordo com o artigo, as cirurgias, dependendo da técnica empregada, alteram a integridade do tecido mamário e podem interferir na produção de leite.
Na redução de mamas, é preciso retirar tecido da glândula mamária. "No caso dos implantes, uma hipótese é que a prótese pode comprimir a glândula", diz Abrão.
No Brasil, as plásticas de mama respondem por cerca de um terço das cirurgias estéticas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
MENOS AGRESSIVAS
"Hoje as técnicas estão menos agressivas e não comprometem a amamentação", diz a cirurgiã plástica Débora Galvão, do hospital Albert Einstein.
"Antigamente retirava-se muita glândula e até havia interrupção da comunicação com o mamilo, mas hoje preserva-se uma quantidade de glândula suficiente para garantir a produção de leite e não se interrompe essa comunicação", diz Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês
Outro ponto a ponderar, segundo ele, é que há diferenças entre as técnicas utilizadas -o que não foi avaliado na pesquisa. Isso explicaria o fato de muitas mulheres não terem problemas. "E há aquelas que não querem amamentar ou têm medo de "estragar" a cirurgia, por temer estrias ou flacidez."
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