Pré-sal está entre fronteiras de petróleo mais perigosas do mundo
O pré-sal brasileiro figura como o nono projeto de maior risco mundial na exploração de petróleo no mar, em uma lista produzida por uma entidade que agrega produtores de etanol de 30 países, entre eles o Brasil.
De acordo com relatório da GRFA (Aliança Global de Combustíveis Renováveis, da sigla em inglês) divulgado no mês passado, a camada de sal que a empresa precisa transpassar até chegar aos reservatórios tem o aspecto de uma lama e, por isso, os especialistas vinham até então evitando atravessar tais formações.
O documento diz que "cientistas e geólogos não estão cientes de onde estão se metendo".
No ranking da GRFA, a região de maior risco para exploração "offshore" (no mar) no mundo é o Golfo do México, nos Estados Unidos. Sem explicar quais os desafios técnicos, a entidade diz apenas que o atual vazamento da BP vai marcar "um dos maiores desastres já verificados", além de dar as estimativas de óleo vazado.
Em segundo lugar, vem a costa Sudoeste da Austrália. De acordo com a GRFA, a exploração na região, recentemente aprovada, ameaça uma região onde se pretendia construir um santuário marinho.
Em terceiro, está o Refúgio Nacional da Vida Selvagem no Ártico, uma área no Estado do Alaska, nos Estados Unidos. A região é cercada de controvérsias sobre conveniência econômica e ambiental de se explorar petróleo. O governo de George W. Bush determinou a atividade na região, mas não passou no Congresso.
A indústria dos combustíveis alternativos, etanol à frente, tem aproveitado o vazamento para fazer uma ofensiva de defesa de seu negócio.
"A escolha é clara", diz Bliss Baker, porta-voz da entidade, sediada em Toronto, no Canadá. "Podemos continuar nossos recursos preciosos sob risco explorando petróleo mais longe e mais fundo ou podemos construir plantas de biocombustívels para reduzir a necessidade dessa prática perigosa.
Procurada, a Petrobras ainda não comentou o ranking.
Conheça o ranking e o que diz o relatório da GRFA
- - Estados Unidos - Golfo do México - "O atual vazamento marcará um dos maiores desastres da indústria do petróleo. Estimativas apontam gastos de US$ 1,43 bilhão para limpeza. Atualmente há 800 plataformas na região"
- - Australia - Margaret River (Sudoeste da costa) - "A exploração recentemente aprovada na costa de Margaret River é na região onde foi demarcada para a criação de um santuário marinho".
- - Estados Unidos - Refúgio Nacional da Vida Selvagem no Ártico - "O refúgio é a maior área protegida da vida selvagem nos EUA. Não há plano adequado para atender um acidente no Oceano Ártico".
- - Canadá - Bacia Orphan, (costa Oeste) - "Exploração está avançando para o poço exploratório mais profundo das águas canadenses. Exploração em águas profundas é considerada uma prática de risco"
- - Austrália - Montara (Costa Nordeste) - "Em sequência a uma explosão em uma plataforma em 2009, o vazamento foi sentido por semanas, fazendo um dos piores desastres da Austrália. O poço não tinha sistema de prevenção de explosão no fundo do mar"
- - Mar do Norte - Costa Oeste das Ilhas Shetland (Escócia) - "Empresas continuam perfurando em água ultra-profunda em condições extremas. Empresa contratada para inspecionar a segurança nas plataformas da BP no Mar do Norte levou preocupação às autoridades locais"
- - Nigéria - Delta do Níger - Operações na região derramaram tanto óleo desde 1969 quanto o Exxon Valdez no acidente de 1989. Os vazamentos prejudicaram os peixes e a agricultura local"
- - Rússia - Mar de Okhotsk (Pacífico) - "O mar de Okhotsk é sujeito a condições climáticas extremas. Durante o período de congelamento, as ondas atingem 19 metros. Um vazamento seria impossível de ser contido"
- - Brasil - Bacia de Santos - "O campo de Tupi, na costa do Rio de Janeiro, está abaixo de uma camada de sal de 6.500 pés. Segundo cientistas perfurar através do sal vai criar riscos significantes"
- - Estados Unidos - Norte do Alaska - "Aumento no degelo na região abriu-a para exploração. Responder a um vazamento nesse ambiente extremo seria virtualmente impossível".
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