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Saúde
Quarta - 21 de Julho de 2010 às 20:45

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Um estudo publicado pelo "The Lancet" como parte de uma série sobre a Aids entre a população viciada em drogas destaca o importante papel do álcool na propagação da epidemia.

Embora tenham conquistado grandes avanços na luta contra a Aids entre a população em geral, os grupos socialmente marginalizados como drogados seguem estigmatizados e sem acesso a tratamentos que poderiam salvar vidas e impedir que se transformem em transmissores, diz "The Lancet".

Atualmente, há 16 milhões de drogados que se injetam no mundo, dos quais três milhões são soropositivos, aos quais é preciso acrescentar um número incontável de pessoas que consomem drogas por outras vias e que também sofrem de Aids.

Ao se referir ao álcool, "The Lancet" qualifica como "droga esquecida", os autores do International Center for Research on Women, de Washington, assinalam que os estudos realizados na África mostram a estreita associação do álcool com a infecção por HIV, assim como com comportamentos que propiciam como o sexo não protegido, a promiscuidade sexual e a prostituição.

Segundo os analistas, as mulheres que vendem e servem álcool nos bares, hotéis e outros estabelecimentos "correm um risco elevado de beber elas álcool e manter relações sexuais não protegidas com seus clientes e infectar-se".

Outro estudo da Columbia University School of Social Work, de Nova York, se refere às mulheres que se drogam e que em muitos casos acabam fazendo sexo sem proteção.

As drogadas muitas vezes dependem de seus parceiros para conseguir drogas e, dado que são muitas vezes os homens que as injetam, ou seja, que são "as segundas a receber a picada", por isso correm risco dobrado de infectarem-se com o vírus da Aids ou por outros patógenos.

Um terceiro estudo apresentado por "The Lancet", da Universidade da Califórnia, San Diego, classifica de insuficiente a atual provisão de programas de substituição de opioides, de agulhas e seringas e dos tratamentos antirretrovirais, ao que se somam leis que proíbem os primeiros, tudo o que contribui para aumentar a epidemia entre os drogados.

Outro estudo do National Drug and Alcohol Research Centre, de Sydney, no mundo todo, menos de um de cada dez drogados que se injetam se beneficiam de programas eficazes de prevenção do HIV.

De cada cem drogados desse tipo só oito recebem tratamento de substituição, só quatro, tratamento antirretroviral, e apenas 5% de que se injetam utilizam seringas higiênicas proporcionadas pelas autoridades sanitárias.

Os autores desse trabalho afirmam que um índice alto de cobertura por esses três tipos de tratamentos combinados é fundamental para reduzir as infecções pelo vírus da Aids em mais de 50% entre os drogados que se injetam.

Os pesquisadores do Open Society Institute, de Nova York, explicam em um relatório que em países como China, Vietnã, Rússia, Ucrânia e Malásia, onde há um elevado número de drogados que se injetam, o acesso a tratamento antirretroviral é baixíssimo quando seria especialmente necessário.

Esses analistas assinalam o perigo de estigmatizar os drogados como ocorre nos centros médicos de alguns países até o ponto de impor a eles impedimentos ou negar o tratamento.

Mais uma equipe da Yale University, New Haven, Connecticut (EUA), estudou o impacto da Aids entre os drogados que se injetam no índice de morbidade e mortalidade desse grupo frente aos que não consomem drogas e detectou uma maior incidência de hepatite viral, tuberculose, infecções de origem bacteriana e doenças mentais.

Segundo os autores, quando o tratamento antirretroviral estiver universalmente disponível para os drogados infectados, poderá prestar maior atenção às outras doenças que padecem e cujo diagnóstico será também mais fácil.

Um estudo do departamento de saúde pública de San Francisco constata o aumento do risco de HIV associado ao uso de anfetaminas e recomenda que se permita o rápido acesso das pessoas que usam drogas ao teste da Aids e outros exames destinados a prevenir a doença.

Analistas de uma instituição em Québec, Canadá, denunciam a prevalência dos abusos de direitos humanos entre os drogados, o que aumenta o risco de infecção pela Aids, enquanto uma equipe a John Hoppkins Bloomberg School of Public Health (Baltimore, EUA), fez um chamado a favor de "descriminalizar" os drogados.

"Só aproximadamente 10% dos drogados no mundo todo se beneficiam dos tratamentos atuais e muitos estão na prisão por delitos menores ou sem julgamento algum", denunciam.

Segundo "The Lancet", não há soluções para todos, mas cada país tem de buscar uma resposta adequada à sua epidemia, mas combinando diferentes intervenções e tratamentos poderiam chegar a conter a epidemia nos próximos cinco anos porque "seus efeitos são sinérgicos".






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