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Quarta - 21 de Julho de 2010 às 06:37

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Terra

A decisão de demitir o goleiro Bruno por justa causa provocou impasse entre dirigentes do Flamengo. Depois de programar o envio de uma carta para o presídio onde está o jogador, em Contagem (MG), o clube recuou, e o vice-presidente Hélio Ferraz avisou que não vai assinar o documento até que a presidente Patrícia Amorim retorne de uma viagem de férias com a família à Disney, nos Estados Unidos.

O presidente em exercício, que chegou de viagem ao exterior recentemente, afirmou não ter tomado conhecimento da decisão tomada pela comissão de juristas formada pelo Flamengo, que já havia recomendado a Patrícia a demissão por justa causa. "Não assinei a carta porque não recebi nenhum documento", disse Hélio Ferraz.

Uma reunião na noite de segunda-feira ¿ sem a participação da presidente Patrícia Amorim ¿ decidiu adiar a demissão por justa causa e manter apenas a suspensão do contrato. Estiveram presentes no encontro conselheiros do clube e o ex-dirigente Marcos Braz, que no ano passado era o vice-presidente de futebol do Flamengo.

Vice jurídico diz que foi pego de surpresa
Apesar de o presidente em exercício Hélio Ferraz afirmar que não recebeu o parecer dos juristas, o vice jurídico Rafael De Piro confirmou que a presidente Patrícia Amorim já tinha sido comunicada da decisão e acatado o parecer. Ainda de acordo com o advogado, o Flamengo inclusive já teria enviado a carta para o Presídio Nelson Hungria, em Contagem (MG).

"Ninguém me falou nada, não fui consultado, nem comunicado. Não participei de nenhuma reunião. Não sei se houve uma outra ordem do Hélio", esclareceu De Piro. Segundo a assessoria da presidência do Flamengo, assim que voltar de viagem, na próxima quarta-feira, Patrícia Amorim dará seguimento ao processo de demissão por justa causa.

A notícia fez com que o procurador de Bruno, o advogado José Maria Campêlo, exigisse uma retratação pública do clube. "A imagem já está denegrida. Será que vão se retratar publicamente?", questiona o procurador. Sobre o argumento de que Bruno feriu a imagem do Flamengo, o advogado ironiza. "Interferiu quando ele foi investigado na Delegacia de Atendimento à Mulher no Rio? E para levantar o troféu de campeão brasileiro? Por que não tomaram uma medida?".

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.






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