Radiofármacos conseguem detectar tumores na mama e no pulmão
HC produz primeiro lote de remédios para detectar câncer
Pouco mais de 15 meses após assinar convênio com o Hospital Sírio-Libanês e lançar o Projeto Ciclotron, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo se tornou nesta segunda-feira (19) a primeira instituição hospitalar pública do país a produzir as substâncias necessárias para fazer exames capazes de diagnosticar cânceres, ainda que em estágio inicial.
O primeiro lote de radiofármacos foi preparado esta manhã, no próprio Hospital das Clínicas, e levado ao Hospital Sírio-Libanês, onde foi aplicado em três pacientes que, na sequência, passaram por uma tomografia por emissão de pósitrons, um dos mais modernos métodos de detecção de tumores de mama, de pulmão, colon, linfomas e melanomas malignos, além de alguns exames neurológicos e cardiológicos.
- Produziremos a quantidade necessária para suportar toda a demanda interna e eventualmente parte da demanda externa da capital paulista. É difícil quantificar, mas imaginando a população com câncer da cidade, podemos dizer que atenderemos a todos os pacientes do Complexo HC quanto de fora.
O médico ressaltou que o projeto permitirá também uma grande economia porque o hospital só vai arcar com os custos de produção.
De acordo com a médica do Serviço de Medicina Nuclear do Sírio-Libanês, Elba Etchebehere, o hospital particular realiza os exames desde 2004 e o radiofármaco era comprado do Ipen paulista. Segundo ela, a dose de fluordexoxiglicose necessária para a realização da tomografia custa, em média, R$ 1 mil. Um valor alto já que o custo final do exame, para os pacientes, gira em torno dos R$ 3 mil. O preço pelo qual o medicamento será comercializado pelo Hospital das Clínicas ainda não foi definido.
- Com maior produção, vamos conseguir popularizar e ampliar a pesquisa, o que acabará beneficiando os pacientes de todo o Brasil.
Ele também chamou a atenção para outro aspecto: como o tempo de validade da substância é extremamente curto (cerca de 110 minutos segundo a Cnen), o medicamento tem que ser entregue logo após ser fabricado, o que exige laboratórios espalhado por todo o país.
Atualmente, no Brasil, a substância - o fluordexoxiglicose - só é produzida por cinco instituições: o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, de Belo Horizonte (MG); o Instituto de Engenharia Nuclear do Rio de Janeiro e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, de São Paulo, além de duas empresas privadas, uma de Porto Alegre (RS) e outra de Brasília (DF).
Além disso, na semana passada a Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais da Comissão Nacional de Energia Nuclear autorizou uma terceira empresa a iniciar a produção do radiofármaco. Segundo a coordenadora-geral de Instalações Médicas e Industriais da CNEN, Maria Helena Marechal, a comissão analisa inúmeros outros pedidos de laboratórios privados interessados em fabricar o medicamento.
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