Recursos para casa própria serão insuficientes em três anos, diz Caixa
Por lei, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o crédito habitacional, mas há o temor de que o crescimento da caderneta não acompanhe o dos empréstimos nesse setor.
O montante (R$ 34,1 bilhões) contabilizado nos primeiros seis meses de 2010 já ultrapassou o valor registrado em todo o ano de 2008 (R$ 23,3 bilhões), levando à preocupação com o crescimento sustentável. Até dezembro, a Caixa deve fazer a emissão do primeiro pacote de securitização de sua carteira de crédito, que chegou a R$ 81,7 bilhões em junho.
A estimativa inicial de R$ 500 milhões para o CRI (Certificado de Recebível Imobiliário), "para testar o mercado" neste ano, nas palavras de Hereda, está sendo reavaliada.
De acordo com o executivo, R$ 20 bilhões já estariam prontos para a securitização, sem detalhar quais contratos ocupariam a maior parte da emissão. "Haverá um mix", disse, referindo-se a empréstimos antigos e novos, com taxas de juros diversificadas, de acordo com a época da assinatura do contrato.
A securitização consiste na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado. O comprador é remunerado no longo prazo com uma taxa de juros que varia de acordo com o papel. O banco, por sua vez, consegue, ao vender esses títulos, antecipar o recebimento dos recursos dos financiamentos.
Atualmente, a relação entre a carteira de crédito imobiliário e o PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil é de cerca de 3%, patamar que, na opinião de Hereda, pode atingir 10% até o final de 2015.
No acumulado deste ano até maio, a Caixa contabilizou 55% dos empréstimos, em valor, feitos com recursos da poupança, patamar semelhante ao registrado em todo o ano de 2009 (57%), que teve forte elevação ante 2008 (31%) devido ao temor dos outros bancos durante a crise econômica mundial.
Sobre a valorização dos imóveis, o vice-presidente do banco diz acreditar que não se trata de uma bolha porque os preços estavam baixos e os bancos são rigorosos na análise de crédito. A inadimplência acima de 90 dias subiu de 1,4% da carteira em dezembro para 1,5% em janeiro e se manteve nesse nível até junho.
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