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Saúde
Segunda - 19 de Julho de 2010 às 13:23

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Ao contrário da ideia geralmente aceita, inclusive entre os médicos, sobre a melhor receita para perder quilos, uma nova teoria começa a tomar corpo. Diz que, para emagrecer com eficácia, é preciso emagrecer muito e rápido, segundo estudos apresentados em um congresso internacional sobre obesidade realizado em Estocolmo, na Suécia, na última semana.

Médica endocrinologista e doutoranda da Universidade de Melbourne (Austrália), Katrina Purcell conduziu uma experiência comparativa entre dois modelos de regime: um "rápido", em 12 semanas, visando a uma perda de 1,5 kg por semana para uma pessoa de 100 kg, e outro "gradual", de 36 semanas, com o objetivo de perder 0,5 kg por semana para uma pessoa com esse mesmo peso.

"Espantosamente, o estudo demonstra que o regime rápido é mais eficaz que o gradual", afirma.

Os resultados obtidos mostram que 78% das pessoas que tentaram emagrecer "logo" conseguiram perder 15% do peso, contra 48% submetidas a um regime mais lento.

Um dos motivos, segundo a cientista, é psicológico e diz respeito à motivação: "Quando se perde 1,5 kg por semana, temos vontade de dar continuidade ao regime. Isso não acontece quando se perde 0,5 kg aqui ou ali..."

Quatro participantes do grupo "gradual" abandonaram a experiência antes do final, achando que houve muito esforço, contra apenas um no grupo do emegrecimento "rápido".

Katrina Purcell adverte, no entanto, contra os regimes muito rápidos, as chamadas "crash diets", que consistem numa privação extrema de calorias. "Não faça isso sozinho, faça junto com seu médico, que é o único capaz de orientar melhor sua dieta", diz ela.

Muitos médicos e nutricionistas acham que quanto mais se perde quilos, mais fácil é voltar a ganhá-los.

E isso leva a médica a acompanhar os dois grupos com cuidado. Ela pretende divulgar os resultados finais da pesquisa em três anos.

O instituto nacional holandês para a saúde pública e o ambiente estuda a ligação entre a quantidade de quilos perdidos e a eventual recuperação do peso.

Segundo a pesquisa, 54% das pessoas que perderam peso tendem a conservar os benefícios disso durante um ano, independentemente da quantidade dessa perda.

Daí a conclusão de que, "quanto mais se perde peso inicialmente, mais a perda permanece importante um ano depois", diz o cientista Jeroen Barte.

É por isso, então, que "as perdas de peso de 10% ou mais deveriam ser encorajadas e preferíveis às menos significativas porque, um ano após, os benefícios serão sentidos", afirma, reconhecendo que o estudo "acaba com um mito".

Barte acrescenta que estudos deverão ser realizados "para determinar os objetivos ótimos da perda de peso e estabelecer as melhores práticas, para permitir sua manutenção".

Katrina Purcell não condena, no entanto, os regimes mais longos, uma vez que permitem uma modificação profunda no modo de vida.

Os cientistas concordam que os hábitos alimentares e o modo de vida são fatores primordiais da obesidade e do sobrepeso.

Quantidade das porções, luta contra o marketing da indústria de alimentos, reformulação de produtos com menos sal ou menos açúcar, incentivos fiscais e divulgação sistemática das calorias no menu dos restaurantes são outras questões a serem levadas em conta.

Antes de pensar em regimes, "é preciso uma mudança cultural", diz o presidente da ONG International Association of Consumer Food Organizations (IACFO), Bruce Silverglade.






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