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Tecnologia
Quinta - 15 de Agosto de 2013 às 13:26

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Andrew Bastawrous
Aplicativo de celular pode fazer exames de fundo de olho em pacientes
Aplicativo de celular pode fazer exames de fundo de olho em pacientes
Um pesquisador da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres está testando um novo aplicativo que transforma celulares em uma espécie de consultório oftalmológico de bolso. Andrew Bastawrous está testando o aplicativo Peek (Portable Eye Examination Kit, ou kit portátil de exame de olhos, em tradução livre) em 5 mil pessoas no Quênia.


 
O aplicativo usa a câmera do celular para examinar os olhos e detectar catarata. Além disso, uma letra que aparece na tela e vai diminuindo de tamanho é usada no exame básico de visão – que detecta, por exemplo, a necessidade de óculos.


 
E, com o aplicativo, a luz do flash da câmera do celular é usada para iluminar o fundo do olho, que vê a retina, para tentar identificar mais doenças.


 
As informações do paciente ficam no celular, o lugar exato onde ele está é gravado com o GPS do aparelho, e os resultados podem ser enviados por e-mail aos médicos.


 
Bastawrous criou essa solução pois, até mesmo nos países mais pobres, é possível encontrar oftalmologistas em cidades maiores – mas os locais mais afastados ainda são um problema.


 
"Os pacientes que mais precisam (de atendimento oftalmológico) nunca vão conseguir chegar a um hospital, pois eles estão além do fim da estrada, não têm renda para o transporte, então precisávamos de um jeito de encontrá-los", afirmou o pesquisador.


 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 285 milhões de pessoas são cegas ou têm alguma deficiência visual. Mas, de acordo com a organização, o tratamento desses problemas frequentemente é simples: óculos ou cirurgia. Além disso, acredita-se que quatro a cada cinco casos podem ser evitados ou curados.


 
Custos e curas


 
O telefone é relativamente barato: custa cerca de 300 libras (mais de R$ 1.070), em comparação com um grande equipamento de exame oftalmológico, que pode custar até 100 mil libras (quase R$ 358 mil).


 
As imagens que o aplicativo capturou durante os testes em Nakuru, no Quênia, estão sendo enviadas para o Hospital Oftalmológico de Moorfield, em Londres. Essas fotos são comparadas com as feitas em um aparelho tradicional de exames, que foi transportado pela região em uma camionete.


 
O estudo ainda não está completo, mas a equipe de médicos afirma que os primeiros resultados são animadores, e mil pessoas já receberam algum tipo de tratamento até agora.


 
Entre os pacientes beneficiados, está Mirriam Waithara, que vive em uma área pobre e remota do Quênia, onde não há médicos para diagnosticar a catarata que quase a cegou. Mas, depois de passar pelos exames com o aplicativo Peek, Mirriam fez a operação para remover a catarata e agora pode enxergar novamente.


 
"O que esperamos é que (o aplicativo) forneça cuidados para os olhos daqueles que são os mais pobres entre os pobres", disse Bastawrous.


 
"Muitos hospitais fazem a cirurgia de catarata, que é a causa mais comum de cegueira, mas a verdade é que levar o paciente para os hospitais é um problema. O que podemos fazer usando isso é permitir que técnicos cheguem aos pacientes, às suas casas, os examinem lá e os diagnostiquem", afirmou o pesquisador.


 
Sem treinamento


 
Mesmo sem ter sido concluída, a pesquisa já está gerando elogios. Peter Ackland, da Agência Internacional para Prevenção da Cegueira, afirmou que o aplicativo tem potencial para ser "decisivo" na luta contra doenças que afetam a visão.


 
"Se você é alguém que sustenta uma família e não consegue enxergar, então você não consegue trabalhar, e a família entra em crise", afirmou.


 
"Neste momento, nós simplesmente não temos funcionários treinados em saúde dos olhos para levar esses serviços às comunidades mais pobres. Essa ferramenta vai permitir fazer isso com pessoas relativamente sem treinamento", acrescentou Ackland.


 
Ele acredita que a África e o norte da Índia serão as regiões que mais devem se beneficiar com o novo aplicativo, pois os oftalmologistas e técnicos desses lugares estão operando com cerca de 30% a 40% da capacidade total.




Fonte: Da BBC

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