Choque anafilático e hipertermia maligna são as reações que mais preocupam os médicos.
Reações à anestesia podem acarretar complicações
O sucesso de uma cirurgia depende muito do pré-operatório. É a partir dele que o médico elaborará a ficha de avaliação médica, que contém informações sobre doenças prévias, alergias, tratamentos cirúrgicos, etc. Para que se obtenham os melhores resultados, é importante que o paciente relate ao médico todo o histórico de doenças pré-existentes e que haja uma relação de confiança, com espaço para dúvidas e esclarecimentos.
O procedimento anestésico, mesmo realizadas todas as medidas de segurança, não está livre de contratempos que possam ocorrer na hora da sua realização. As reações alérgicas são as intercorrências mais comuns, e podem ser classificadas em anafiláticas e anafilactóides. As anafiláticas ocorrem após contato prévio com o agente desencadeante, enquanto as anafilactóides ocorrem sem a existência desse contato.
O choque anafilático é uma resposta exagerada do sistema imunológico à alguma substância estranha ao organismo e os sintomas são causados pela ação das células de defesa, chamadas de mastócitos e basófilos, mediadas por imunoglobulina E (IgE).
“Em um quadro grave da reação anafilática ocorre inflamação generalizada, com extravasamento de líquidos dos vasos sanguíneos para os espaços entre as células, com consequente queda da pressão arterial”, explica o dr. Oscar César Pires, diretor de Defesa Profissional da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e professor doutor de Anestesiologia e Farmacologia da Universidade de Taubaté (UNITAU).
Na anestesia geral, por ser utilizado um maior número de fármacos, é mais comum que ocorra algum tipo de reação, mas outros tipos de anestesia não estão livres de reações.
“Em muitos casos, mesmo sem nenhuma história prévia, a reação alérgica pode ocorrer e de forma grave, com dificuldade respiratória, choque circulatório e até parada cardíaca”, ressalta o dr. Oscar.
Mulheres com idades entre 30 e 50 anos que apresentam alergia a alvejantes ou cosméticos, tiveram asma infantil, rinite ou que tenham história de alergia alimentar ou medicamentosa encontram-se no grupo de risco e precisam de atenção redobrada.
Hipertermia Maligna
Entre as reações existentes, além do choque anafilático outro motivo de grande preocupação é a hipertermia maligna.
Diferente do primeiro, esta está diretamente relacionada ao procedimento anestésico, portanto é de responsabilidade do anestesiologista conhecer e conduzir o diagnóstico nas diversas apresentações clínicas da anestesia. Como maneira de prevenção, é importante que todos os pacientes que apresentarem episódios suspeitos de hipertermia sejam candidatos à biópsia muscular para diagnóstico definitivo.
A hipertermia é uma doença rara, hereditária e potencialmente fatal, caracterizada por resposta hipermetabólica quando há contato do indivíduo com succinilcolina ou anestésicos voláteis, como halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano ou desflurano, com especial atenção ao primeiro.
Para o tratamento da doença existe um fármaco, o dantrolene sódico, que reduz o índice de mortalidade de 80% para aproximadamente 7%. Atualmente, todo hospital ou clínica que fizer uso de fármacos desencadeantes deve possuir.
“São mais suscetíveis parentes de primeiro grau daqueles que apresentaram a síndrome”, destaca o dr. Pires.
Nas crianças, a ocorrência é em torno de uma a cada quinze mil anestesias. Em adultos, uma a cada cinquenta mil.
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