Frigoríficos do grupo Pantanal suspenderam as atividades em MT
Três unidades localizadas no Estado, sendo uma em Várzea Grande, uma em Rondonópolis e outra em Juara deixarão de abater bovinos. Com o fechamento, 850 funcionários perdem o emprego e cerca de 2 mil pecuaristas terão de procurar outras unidades para enviar os animais. As plantas, juntas, abatiam 1,5 mil cabeças por dia. Com este fechamento, sobe para 13 o número de plantas em Mato Grosso que estão com as operações paralisadas, um comprometimento de 33,3% do parque industrial do Estado.
O proprietário dos frigoríficos Pantanal, Luiz Antônio Freitas, que também é presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), explica que a decisão foi tomada por inviabilidade de mercado e para evitar a falência financeira da empresa. Freitas salienta, porém, que todos os compromissos serão honrados em dia e que nenhum fornecedor ou funcionário ficará sem receber o que tem de direito. "O mercado está ruim e para evitar problemas mais graves resolvemos interromper por tempo indeterminado, mas vamos cumprir todos os nossos compromissos", argumenta o empresário.
A unidade de Rondonópolis funcionou até a última sexta-feira (9). A de Várzea Grande fecha as portas no próximo dia 20 e em Juara as atividades seguem até dia 30 de julho. Luiz Antônio Freitas acredita que o fechamento de sua empresa não vai refletir nas atividades econômicas do setor. Para ele, o Estado tem capacidade ociosa e é capaz de suprir o mercado e atender a todos os produtores, sem provocar alterações no mercado de bovinos. "Temos capacidade para abater 2,5 vezes o que abatemos hoje, isso mostra que não haverá impacto para os pecuaristas, visto que há mais capacidade de abate do que oferta de animais".
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, rebate a afirmação de Freitas e diz que qualquer fechamento causa impacto. Segundo Vacari, há 2 problemas no setor da carne, primeiro seria um possível monopólio por parte de 2 grandes grupos que detêm 33% das unidades em funcionamento atualmente. Outro problema apontado por Luciano Vacari seria a falta de remuneração por parte do setor varejista. "Os frigoríficos realmente estão pagando melhor aos produtores, mas o setor varejista também precisa entender que eles compõem uma cadeia produtiva e que é preciso repassar isso para os outros elos", afirma Vacari ao comentar que o segmento não paga o que de fato os frigoríficos precisam.
Luiz Antônio Freitas elege ainda um outro motivo. Segundo ele, o mercado externo não está fluindo bem as taxas cambiais não permitem a remuneração das indústrias. "Com o mercado internacional não indo bem, fica um excedente de produção no país que força os preços para baixo". Apenas uma unidade do Pantanal continua operando, em Ji-Paraná, no Estado de Rondônia.
Quanto ao domínio de grupos no mercado, Freitas não analisa o fato como um prejuízo. "Os pecuaristas reclamam que há pouca concorrência, mas o preço que os grandes estão pagando a eles está acima do que as empresas menores podem pagar. O que acontece é que existem muitos frigoríficos para poucos animais". Vacari contesta a opinião dizendo que o Estado possui o maior rebanho bovino do país e que a capacidade ociosa é em virtude da falta de mercado e ainda completa que a falta de concorrência vai chegar até a ponta da cadeia. "Daqui a pouco os consumidores não terão mais opções de compra nos supermercados".
Aquisição - Apesar de ter sido negado pelo proprietário, nos bastidores do setor se comenta que o grupo JBS Friboi adquiriu as plantas do frigorífico Pantanal. Luiz Antônio Freitas afirma que as unidades não foram vendidas, arrendadas ou alugadas para outras empresas. "Não vendi e não tenho a pretensão de vender ou arrendar". A JBS informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comenta rumores de mercado e que quando há qualquer fato relevante, este é comunicado ao mercado.
Efeito Cascata - Desde a crise na economia mundial em meados de 2008, a cadeia produtiva da carne está sofrendo perdas significativas. Em Mato Grosso, são 13 unidades paradas das 39 existentes. Com isso, 8,3 mil bovinos deixam de ser abatidos por dia e apenas 39% do potencial é utilizado. Luciano Vacari avalia a crise como um descaso do governo que não desenvolve políticas públicas para as pequenas e médias indústrias. "O BNDES (Banco Nacional Para o Desenvolvimento Econômico e Social) financia apenas a expansão internacional de grupos fortes e não investe nos pequenos e micros".
Em maio, o Frialto foi a quarta empresa a entrar com pedido de Recuperação Judicial e suspendeu as atividades por 30 dias em suas três unidades em Mato Grosso. Atualmente, apenas a planta de Matupá está operando. O Frialto está formulando um Plano de Recuperação Judicial para ser apresentado até o fim deste mês. Além do Frialto, o Independência, o Quatro Marcos e o Arantes estão em processo de recuperação judicial.
Comentários